A necessidade de mostrar serviço é, por regra, um sintoma de fraqueza. Gente insegura, subalterna e submissa, dependente, recorre ao expediente de fazer prova de vida para lembrar o mandante na hora de decidir. Todos nos cruzámos já com tal gentinha, sempre pronta para qualquer serviço, mais honroso ou desqualificante, legal ou imoral, indiferente ao que lhe dita a consciência. Sobrevive deste modo e isso basta. Está por aí, em todo o lado, nas empresas, no desporto, nas associações, na política, sobretudo nesta, onde faz carreira pela vida fora sem outro escrutínio que não seja a fidelidade a quem lhe estende as prebendas, de outro modo inacessíveis.
Uma nova liderança política, agoraaclamada ou percecionada no horizonte, estimula manifestações de apoio e juras de lealdade, publicamente declaradas até à exaustão. E mais ainda em se aproximando um ato eleitoral, sempre propício à redistribuição de lugares,nos quais se acomodam correligionários de toda a sorte de competência. E que fique bem claro, isto é válido em todo o sistema partidário, na governação ou na oposição, talvez ainda com mais intensidade fora da esfera do poder, em razão da escassez de oportunidades.
Certos assomos de protagonismo, também tidos por vaidade, não passam disso mesmo, de prova de vida e préstimo de serviços a inconfessáveis causas – quanto mais alarido provocar nos media e redes sociais maior é a probabilidade de ser consequente nos seus propósitos, isto é, de assegurar o tão almejado cargo ou função.
A história ensina que nunca aprendemos com ela. Mas certa gente predispõe-se a repeti-la, diria, a repetir-se a si mesma, rasgando as vestes, vociferando, autoproclamando virtudes, apedrejando quem está na praça, como sói dizer-se, mordendo a mão que a alimentou. Outra vez.
Já vimos esta farsa.