O filósofo Jean-Paul Sartre defendia, numa tradução livre, que “o princípio do Homem é ser livre”. A liberdade era entendida, no fundo, como condição de vida do ser humano.
Era tão bom que tal fosse assim. Mas será? A minha liberdade perime-me questionar o mestre. Afinal o que é a liberdade? O que é ser livre? Quantos de nós somos livres? Poucos. Muito poucos.
E se calhar tem de ser mesmo assim. A liberdade tem muito de utópico. O mundo real não é assim tão utópico. Liberdade não combina com ser trabalhador por conta de outrem.
Liberdade também não se atinge com trabalho por conta própria, uma vez que esse trabalho é pago por alguém. Liberdade não é seguramente estar onde não se quer estar. Liberdade não é pensar naquilo que uma qualquer pessoa ou mesmo multidão vai achar. Liberdade não é estar preso às decisões de outrem. Liberdade não é pensar pela cabeça de outrem.
Liberdade não é dizer que sim para evitar o confronto. Liberdade também não é dizer não apenas para ser diferente. Liberdade pode ser tudo e nada. Liberdade é simplicidade misturada com complexidade. Liberdade é dia e noite. Liberdade é aquilo que nós quisermos que seja. Mas será que existe mesmo? Esta dúvida é liberdade.
Tal como é a certeza numa qualquer outra resposta. Liberdade será só de consciência? Ou também existe na ação? Será liberdade exercícios retóricos sobre liberdade? Como se conquista a liberdade? Perguntar é um ato de liberdade.
Mas quantas pessoas perguntam mesmo aquilo que querem? Quantas pessoas cumprem a liberdade de interrogar? De agitar? De afrontar? Todas estas perguntas não têm destinatário específico. Não sei se perguntar por perguntar é liberdade. Não sei o que é a liberdade. Tenho uns conceitos de liberdade. A minha. Não a de outrem.
A liberdade de terceiros não é a minha liberdade. Nem sei se o que considero liberdade é liberdade. Mas também não quero saber. Liberdade não é seguir a definição dada por terceiros. Liberdade não é copiar. Liberdade também não tem de ser uma constante inovação. Liberdade é aquilo que for. Tem é de ser nosso. Sair de cada um de nós. Será? Não sei. A liberdade é algo desconhecido. Mas julgo ter conhecido um Homem livre no mundo por onde andei. Só 1. E não quero conhecer outro. Esse é um ato de liberdade que nunca prescindirei. Essa é a minha liberdade.