Desde que a atual coligação tomou posse, a população residente na ilha das Flores, não tem sido, de todo, respeitada.
O Secretário da Agricultura conseguiu aliciar ao fim da produção de leite e fechar aquela que era a maior unidade fabril da ilha, acabando com a produção de queijo, manteiga e iogurtes, adiando, consecutivamente, os pagamentos das indemnizações com que se comprometeu aos agricultores e à passagem do património da única cooperativa que existia nas Flores, de semestre em semestre, de trimestre em trimestre.
O investimento na ciência, acordado com o Instituto Nacional Geográfico de Espanha, através do projeto da Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE), não passa do que existia e dos 67.000 euros previstos para este ano, sem um calendário de investimentos, nem a certeza das suas fontes de financiamento.
Nunca é demais referir as mais valias que este investimento traria para o cenário mundial através dos dados gerados no conhecimento das placas tectónicas, e por conseguinte, no natural conhecimento e previsão de eventos sísmicos e vulcanológicos.
Para além disso, seria uma alavanca para a economia local e regional, permitindo a criação de postos de trabalho com de mão de obra qualificada, a fixação de jovens e casais, a circulação de dinheiro pelo investimento direto e, de forma indireta, por todos os equipamentos necessários e pela dinâmica que se instalaria na ilha.
Isto tudo associado à produção científica produzida na nossa região, à educação e ao facto de colocar as Flores no panorama internacional com a realização de eventos que levaria a essa ilha dezenas de especialistas. Uma aposta, também, no turismo científico.
No entanto, e segundo alguns decisores políticos eleitos pelo círculo eleitoral das Flores, existem outras prioridades e, ainda, questionam a vantagem deste investimento. Mas, investir na educação e na ciência não era uma prioridade para este governo?
Não bastando, toda a discriminação negativa a que esta população tem estado exposta, por parte do Governo Regional, a Casa do Povo de Ponta Delgada, viu o seu pedido de atribuição de Interesse Público para a Dança de Carnaval daquela freguesia ser indeferido, quando há essa atribuição para tudo o que mexe, nesta região. Isto só revela que a Secretária da Educação e Assuntos Culturais desconhece a dinâmica cultural, e tradicional, que se vive, por alturas do Carnaval, nas Flores. Talvez fosse de bem que alguém lhe informasse da forma como as Danças de Carnaval correm a ilha, levando alegria e boa disposição e movimentando a economia local, nesses dias.
Mais uma vez, as e os florentinos assistiram ao zarpar de dois navios sem que estes conseguissem atracar e proceder à descarga de bens essenciais às pessoas. Mais uma vez, a pouca oscilação que se fazia sentir, impediu a operacionalidade desses barcos, revelando a necessidade urgente de se proceder à proteção daquela baía, tal como o BE tem defendido.
Desde a passagem do furação Lorenzo, que o Bloco acompanha esta situação, e, desde a tempestade Efrain alerta para a desproteção que aquela baía ficara exposta. Denominaram-nos de alarmistas. Temos tido uma intervenção séria e ponderada, e, mesmo quando o sr. Diretor dos transportes, tenta desmentir, através de publicações no Facebook, o tempo e as datas dão-nos razão.
Mesmo, assim, não se coibiu de fazer uma publicação, que mais tarde apagou, quiçá por vergonha, com o título “Está a faltar algo nas Flores?”, perpetuando a desinformação que existe relativamente às condições atmosféricas, aos constrangimentos no porto, na tentativa clara de fugir à tomada de decisões diferentes para o que, ao momento, é diferente e à não rutura de stocks, como fez o Presidente do Governo Regional, em declarações à comunicação social.
Entre as conversas da ajuda Divina, o Adamastor, e São Pedro – utilizadas para justificar o que o Governo não efetua, faz muita falta às Flores e à sua população a consideração e respeito que merecem.
Afinal, se nas próximas eleições, grande parte da população optar por não votar, a mesma será tratada como abstencionista e não como resiliente que a cada dia que passa se vê mais desprezada por um governo cujas suas prioridades são cumprir a agenda política dos líderes dos partidos que o sustentam.
E, lá continuamos a ouvir, passados mais de dois anos, falar dos 24 anos anteriores, para justificar a inação do atual Governo Regional.