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A loja eco-solidária em Ponta Delgada, Açores, tem tido cada vez mais procura, constituindo solução para centenas de famílias devido ao aumento do custo de vida, recolhendo anualmente cerca de 200 toneladas de roupa vendida a preço simbólico.

“A loja existe desde 2015 e foi crescendo. Foi, sobretudo, no último ano que notamos um aumento substancial de pessoas. Temos uma média de 35 pessoas por dia. E, este número tem aumentado. Ainda esta semana organizamos um feirão na própria loja e estiveram algumas centenas de pessoas logo no primeiro dia”, disse à Lusa o presidente da direção da associação Solidaried’Arte, Leonardo Sousa.

A loja eco-solidária, que vende roupa doada a preços entre os 10 cêntimos e um euro, é um projeto da Solidaried’Arte, uma associação que surge numa zona de interceção de duas realidades a Arte e a Cultura e a Integração/Inserção Social.

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Segundo o responsável, ao longo do último ano, a loja recebeu 10 mil visitas.

A pandemia de covid-19 e a crise inflacionista veio provocar “um aumento” do fluxo de visitantes ao espaço localizado na freguesia de São Pedro, na cidade de Ponta Delgada, disse.

“É cada vez mais uma solução para aquelas pessoas que, embora não estejam identificadas como estando em situação de pobreza, vivem do seu ordenado e o vencimento mensal não dá, porque os preços sobem constantemente devido à guerra na Ucrânia, pelo que têm de fazer uma gestão muito apertada do orçamento familiar. E a loja é a grande oportunidade para poupar algum dinheiro em vestuário e investir noutras áreas, como alimentação e saúde”, assinalou Leonardo Sousa.

As peças são doadas, já que a instituição tem ecopontos de recolha de têxteis em toda a ilha de São Miguel, com maior quantidade no concelho de Ponta Delgada.

“Recolhemos por ano cerca de 200 toneladas de roupa”, assinalou à Lusa o presidente da direção da Solidaried’Arte, Leonardo Sousa.

A recolha é feita todas as semanas e várias vezes.

Além do espaço em Ponta Delgada, a instituição monta ainda lojas itinerantes eco-solidárias nos restantes concelhos da ilha de São Miguel, em espaços disponibilizados pelas juntas de freguesia e instituições particulares de solidariedade social (IPSS).

“O objetivo tem sido sempre, ao longo destes anos, dar às pessoas a oportunidade de adquirirem este bem essencial a preços simbólicos, o que permite uma poupança das famílias para posteriormente investirem mais na alimentação, na educação e saúde”, vincou.

A loja eco-solidária tem também o objetivo de reaproveitar produtos e a componente social, acrescentou, referindo que podem ser também disponibilizadas peças gratuitamente, caso uma instituição ou câmara faça este pedido à associação.

Os preços variam entre os 10 cêntimos e um euro.

“Dado o contexto económico que estamos a viver, e que se deverá agravar no próximo ano, mais do que nunca uma resposta desta natureza faz sentido, tendo em conta os preços que são praticados, quase simbólicos”, sublinhou o presidente da direção da associação Solidaried’Arte.

Leonardo Sousa alertou que, devido ao aumento das doações e dos custos com recursos humanos que asseguram o atendimento, recolha e gestão dos bens, são necessários apoios ou a loja poderá encerrar.

“Fazemos a recolha diariamente. Aumentou o volume de bens doados, o volume de horas trabalho e somos uma IPSS”, referiu.

A instituição, que tem uma valência de intervenção comunitária em bairros sociais, vai abrir a 10 de novembro, em parceria com a Câmara Municipal de Ponta Delgada e apoio da direção regional da Juventude, uma mercearia solidária e comunitário para moradores de um bairro social na freguesia do Livramento.

“A mercearia tem um objetivo muito próximo do conceito de lojas eco-solidárias. Ou seja, através de donativos de alimentos de particulares ou empresas, proporcionar aos habitantes do bairro alimentos de primeira necessidade a preços mais baixos do que aqueles que são praticados no mercado para que possam gerir melhor os seus orçamentos familiares”, explicou.

A mercearia pretende também ter um papel pedagógico para incentivar à compra de produtos frescos.

“É importante para quebrar ciclos de pobreza envolvermos as pessoas nos seus próprios projetos e nos seus próprios percursos”, defendeu Leonardo Sousa, indicando que o projeto conta com a parceria da junta de freguesia.

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