Luís Silva, que é também membro da direção da Associação Botânica dos Açores, sustentou que entidades como os municípios ou juntas de freguesia recorrem muitas vezes a plantas invasoras para o embelezamento de espaços, muito embora os serviços florestais e parques naturais de ilha disponibilizem espécies endémicas.
De acordo com o investigador, “nos Açores sempre existiu a tendência de importar plantas diferentes”, nomeadamente para o embelezamento de jardins que existem no arquipélago, mas “a situação das invasoras é preocupante para a manutenção das plantas endémicas”.
“Não estão a introduzir as plantas invasoras de forma propositada, mas haverá um certo desconhecimento dos responsáveis por estes espaços que, involuntariamente, embelezam os locais com a introdução destas espécies”, considerou, alertando para a possibilidade das invasoras se propagarem e ocuparem o lugar das plantas nativas.
Entre estas espécies invasoras está o chorão-das-praias e uma “espécie de malmequer muito grande”, mais observadas nas zonas costeiras, ao longo das estradas e nos taludes.
“Mas há também muitas espécies que foram introduzidas para proteger as culturas do vento”, referiu o docente.
Luís Silva, que integra o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, defendeu a criação de um observatório regional para esta matéria, destacando que nos trabalhos de melhoramento das zonas costeiras e jardins deve ser feito um aconselhamento com especialistas e técnicos da área.
O investigador explicou que este organismo “funcionaria em rede com as autarquias e entidades regionais” e, sempre que fosse observada uma espécie invasora nova, “seria ativado um alerta e as entidades depois analisariam se seria erradicada ou controlada a planta”.
“É importante preservar o património e há espécies raras a nível de São Miguel”, realçou Luís Silva, acrescentado que a Associação Botânica dos Açores tem realizado ações de sensibilização sobre as plantas invasoras em vários locais desta ilha em colaboração com o parque natural.