A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, nos Açores, alertou hoje para os impactos “significativos” na atividade das empresas resultantes do aumento dos custos da energia, lamentando que a nível regional “ainda não tenham sido adotadas” medidas mitigadoras.
Os impactos do aumento dos custos da energia elétrica na atividade das empresas, que entraram em vigor em janeiro, estiveram em análise, na terça-feira, numa reunião da direção e das Comissões Especializadas da Indústria, do Comércio e do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada.
Num comunicado enviado às redações, a propósito da reunião, a associação empresarial das ilhas de São Miguel e Santa Maria, alerta que “o agravamento brutal”, registado no início do ano, para os consumidores que utilizam maiores níveis de tensão, “já está a ter impactos significativos na atividade das empresas”.
“É neste contexto que se constata, com profunda preocupação, estranheza e incompreensão, que a nível regional ainda não tenham sido adotadas medidas mitigadoras dos custos com a energia elétrica”, refere a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada.
A associação empresarial lembra que o Governo da República anunciou um conjunto de medidas de mitigação do aumento dos custos com a energia para as empresas e para as famílias e que, na Madeira, já foi anunciada a “intenção de criar um programa de apoio às empresas consumidoras de baixa tensão especial e média tensão”.
“Ao contrário do que acontece no continente, nos Açores vigora apenas o regime de preços regulados. Esta situação implica que as empresas locais não têm acesso ao regime livre, suportando, na maioria dos casos, valores significativamente muito mais elevados do que as empresas sediadas no continente, que beneficiam do funcionamento do mercado ibérico de energia”, lê-se no comunicado.
Neste contexto, a associação empresarial considera que “as autoridades regionais e nacionais” devem adotar “soluções que defendam a economia regional”, com vista à “competitividade das empresas” e “bem-estar das famílias”.
“É indispensável a consideração urgente de uma revisão, em baixa, do tarifário da energia elétrica anunciado em dezembro pela entidade reguladora do setor”, defendem as Comissões Especializadas da Indústria, do Comércio e do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada.
Para a associação empresarial das ilhas de São Miguel e Santa Maria, “a manter-se esta posição por parte das entidades responsáveis regionais e nacionais, as empresas não terão outra opção”, pelo que terão de “refletir a totalidade destes aumentos nos preços dos bens e serviços, com todas as consequências que daí advêm”.
A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada frisa que, com o aumento de preços dos bens e serviços, “as empresas regionais perdem competitividade face às do resto do país, que passam a ter menores custos relativos”.
“Neste processo, as famílias também perdem poder de compra com a subida da inflação. A retração consequente na procura interna e na procura externa tem como consequência imediata, só por si, a perda de empregos”, aponta ainda.