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Os músicos Açorianos César Carvalho (Violão) e Rafael Carvalho (Viola da Terra), que formam o Duo Toadas, apresentaram-se em concerto no Lava Jazz, este sábado, num concerto do “mais profundo sentimento” ilhéu.

Estes dois irmãos, naturais da Ribeira Quente são um grande exemplo da arte com raízes açorianas. Eles trazem-nos o mais profundo sentimento de ser ilhéu, na voz e violão de César Carvalho e a tão característica viola da terra, nas mãos de Rafael Carvalho.

O “Lava Jazz” é um estabelecimento de diversão noturna inaugurado em 2016, em Ponta Delgada, especialmente pensado para os amantes de música ao vivo.

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Retomou a sua programação de concertos ao vivo, neste mês de março, num conceito vanguardista de “sala de estar fora de casa”.

Este concerto foi constituído por um primeiro momento com apresentação de “modas mais tradicionais e reconhecidas por todos”.

Modas como “Mouraria”, “Pezinho Velho”, “Fado da Noite”, Fado menor” ou “Balho da Povoação”, fazem parte do repertório instrumental da Viola da Terra, mas são peças pouco tocadas nos nossos palcos na atualidade.

O Duo tem insistido em trazer essas melodias para o palco e reaviva-las, sempre com arranjos e variações próprias, mas para demonstrar a riqueza do repertório deixado pelos Mestres da Viola.

Na segunda parte foram apresentados temas mais contemporâneos e alguns originais do Duo.

A ocasião serviu ainda, para o grupo apresentar alguns temas do álbum “Toadas, da Lobeira ao Agrião”, o primeiro álbum do Duo e que foi apresentado em novembro de 2022.

Breve história da viola da terra também conhecida por “viola de arame”

Segundo Manuel Ferreira, no seu livro A Viola de Dois Corações, «não há elementos concretos sobre a data de chegada da Viola dos Açores», mas não será arriscado de supor que foram trazidos pelos Portugueses com a expansão ultramarina dos primeiros que chegaram, dispostos à fixação, com carácter definitivo, no século XV.

Segundo as Saudades da Terra de Gaspar Frutuoso (1522-1591), a viola tratava-se de um objeto de elevado apreço, e os seus tocadores eram dignos de nomeada e apontados a dedo, alguns com direito a registo histórico e geral admiração.

Conhecida também por “viola de arame” (por possuir cordas feitas de fio de arame e não de aço) ou “viola de dois corações” (por possuir as aberturas do tampo em forma de dois corações), a viola da terra ao chegar aos Açores, toma características comuns a todas as ilhas, mantendo os seus fundamentais traços primitivos, mas aqui e acolá foi adquirindo afinações e particularidades diferenciadas. Assim, transforma-se no mais típico instrumento musical do arquipélago dos Açores, como se afirma na dissertação de Mestrado de José Wellington Nascimento.

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