Os Açores vão reforçar “substancialmente” o valor destinado à investigação científica do Programa Operacional (PO) 2030, revelou hoje o vice-presidente do executivo açoriano, sem especificar o montante previsto.
“Ainda não sei exatamente o valor. Vamos aumentar substancialmente a verba. No passado, houve muito investimento em betão, agora queremos fazer o investimento em investigação”, avançou o vice-presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), Artur Lima, que tutela as áreas da ciência, investigação e tecnologia.
O governante falava, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião com responsáveis do Centro Internacional de Investigação para o Atlântico, Air Centre, que tem sede na ilha Terceira.
Segundo Artur Lima, a nova Estratégia de Especialização Inteligente (RIS3) para os Açores prevê o apoio financeiro em novas áreas de investigação, como “a geoestratégia, a saúde e as áreas sociais”, em que os parceiros do executivo, como o Air Centre ou a Universidade dos Açores, poderão apresentar candidaturas.
“Os investigadores podem candidatar os seus projetos aos mais diversos temas nas áreas sociais, da saúde e não apenas, como era tradicional, na biologia e na agricultura”, vincou.
O governante defendeu que os Açores precisam de investigação que traga “utilidade para a economia” e para o desenvolvimento da região.
“Há que ter a arte e o engenho de apresentar projetos que tragam desenvolvimento e projetos que vão ao encontro da pretensão do Governo Regional dos Açores de trazer valor acrescentado à economia, à ciência e à fixação de pessoas”, salientou.
Instalado há cerca de cinco anos no Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov), o Air Centre conta com 14 funcionários na região, “altamente qualificados”, com doutoramento, e naturais de diversos países, como Polónia, Brasil, Chile ou Espanha.
Segundo o diretor tecnológico do Air Centre, Pedro Silva, foram já implementados 10 projetos, com impacto direto no arquipélago, em parceria com empresas e entidades como a Lotaçor, a Unicol e a Universidade dos Açores, num montante global de investimento de quatro a cinco milhões de euros.
O reforço de financiamento anunciado pelo vice-presidente do executivo açoriano é visto como “essencial” para apostar em novos projetos, mas também na criação de emprego e na ligação do Air Centre a diferentes setores de desenvolvimento dos Açores.
“Este reforço vai permitir que os Açores se afirmem naquilo que fazem bem, naquilo que podem fazer melhor. Eu creio que este reforço é uma excelente notícia para todos os açorianos e para todos os que participam neste rede do Air Centre”, vincou Pedro Silva.
O responsável considerou que as novas linhas orientadoras da RIS3 “vão dar um fôlego novo à região” e potenciar setores chave, como o do espaço.
“O setor do espaço aparece agora também na RIS3 como sendo um setor de destaque e os Açores estão numa zona geograficamente bastante interessante e apelativa. A prova disso é todo o esforço que tem sido feito nos Açores no porto espacial [em Santa Maria] e noutras iniciativas, no Air Centre, por exemplo, em que se utiliza estas tecnologias de observação da terra”, salientou.
De 21 a 23 de março, a cidade da Praia da Vitória, na ilha Terceira, acolhe a segunda edição do Atlantic Innovation Week, evento que deverá juntar mais de 100 pessoas de várias nacionalidades, entre cientistas de várias áreas, políticos e outras personalidades.
Segundo Pedro Silva, o evento será um momento para “explicar o que está a ser a contribuição desta rede internacional”.