Participei no Domingo passado num encontro que o Primeiro Ministro de Cabo Verde teve em Ponta Delgada com a Comunidade Cabo Verdiana e com Açorianos amigos de Cabo Verde. Muito interessante já que foi um bom exercício de cidadania e democracia, com muitas intervenções e questões sobre a economia, a saúde, compromissos eleitorais, e as complementaridades das economias dos Arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde. Houve ainda tempo para prestarmos uma Homenagem ao saudoso casal Ben David e em especial à Dona Djuta Ben David, uma grande Senhora Caboverdiana que acompanhou o seu marido na opção de vir treinar o Santa Clara e viver nos Açores. Como felizmente, estamos tão distantes daqueles dias de chumbo, em que nós, os Insulares dos Arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde, não podíamos debater livremente a nossa realidade insular, entre nós e muito menos com os nossos Governantes. Do debate que tivemos, ficou-me a eterna restrição dos Transportes externos, que constituem o calcanhar de Aquiles neste relacionamento que se pretende entre os Açores e Cabo Verde e que só pode ser ultrapassada no âmbito de uma parceria alargada dos Arquipélagos e com a presença dos privados.
A necessidade de entendimentos e valorização das Ilhas da Macaronésia é um princípio quase tão velho como a nossa História, já que o Pai da História e primeira recolha da Biodiversidade Açoriana foi o Gaspar Frutuoso (séc. XVI), já defendia esta aproximação dos Arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde há Séculos, tese fundada no estudo que Gaspar Frutuoso realizou acerca de cada um destes Arquipélagos. Temos mais especificidades comuns do que a distância do mar que nos separa. Os velhos, bonitos, e comuns Dragoeiros que estão presentes nas nossas Ilhas e Arquipélagos multiplicam-se por muitos fatores que a geografia e a vivência de Insulares nos distinguem dos Povos Continentais. Esta é uma realidade que nos identifica e aproxima.
Finalmente, chegamos à conclusão que ambos (o Primeiro Ministro de Cabo Verde e eu) tínhamos estudado na mesma Universidade (Económicas da UTL) e que eu lhe tinha dado umas aulas de Estudos Aplicados de Economia no seu primeiro ano.
Parabéns à Associação dos Imigrantes nos Açores por esta excelente iniciativa.
A este propósito, e por feliz coincidência, a Comunidade Cabo-verdiana a residir e trabalhar nos Açores ofereceu um bonito Serviço de Louça da Lagoa ao Primeiro Ministro de Cabo Verde a que a família do anfitrião por parte do Governo dos Açores presente neste evento o Dr Rui Leite Bettencourt está historicamente ligada, já que a atual Cerâmica Vieira da Lagoa é “ herdeira “ da Cerâmica Leite.