O coordenador do BE/Açores acusou hoje a direita de “irresponsabilidade”, considerando que a região não tem um Governo Regional, mas uma “caricatura”, que utiliza os mais frágeis como “arma de arremesso politico”.

“[Os partidos da direita] fogem de si próprios e dos seus resultados. O Governo [Regional] vitimiza-se com o chumbo anunciado do Orçamento. Chega, IL e PAN fingem que não têm nenhuma responsabilidade, chumbando o Orçamento”, começou por dizer António Lima.

E acrescentou: “A direita é a única responsável pela crise política nos Açores que se avizinha. São todos uns irresponsáveis.”

António Lima falava numa unidade hoteleira em Ponta Delgada, no encerramento da VIII Convenção Regional BE/Açores, em que foi eleito para um novo mandato.

O bloquista salientou que o executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) “acredita tanto no seu Orçamento” – com votação marcada para este mês na Assembleia Legislativa Regional – que “já se prontificou a apresentar outro Orçamento ainda antes de a atual proposta ser votada”.

“Até, imagine-se, antes de saberem o destino da votação. Isto não é um governo, é uma caricatura”, atirou.

António Lima afirmou ainda que os apoios sociais, como os complementos de pensão ou ao abono de família, só dependem de uma mera resolução do Conselho do Governo do arquipélago e não têm de ser atualizados no Orçamento, como diz o Governo dos Açores.

“Para a direita vale tudo para manter o poder, mesmo ignorar os problemas das pessoas. E até usar os mais frágeis, crianças e idosos, como arma de arremesso político”, criticou.

O também deputado regional afirmou que o executivo açoriano adotou um discurso da vitimização porque “está sem soluções e sem resultados”, alertando que a atual situação política nacional e regional “exige responsabilidade” e “ideias claras”.

A moção “O Bloco mais forte – Um novo rumo para os Açores”, aprovada por unanimidade durante a convenção e cujo primeiro subscritor é António Lima, defende que o atual Governo Regional, em funções desde 2020, “só aprofundou problemas estruturais dos Açores”.

O documento alerta, contudo, que a “alternativa à direita não é o regresso à maioria absoluta do PS”, defendendo a necessidade de “quebrar o círculo vicioso do subdesenvolvimento dos Açores”.

Para tal, os subscritores querem um combate “sem tréguas do abandono escolar”, propondo um programa de escolarização para adultos e um plano integrado de combate ao abandono escolar precoce.

O turismo, que tem “crescido de forma desenfreada”, deve ser uma parte e não “toda a economia”, advoga-se no documento, sugerindo, por outro lado, a implementação de um “grande centro público de investigação científica nas ciências do mar”.

Propõe-se uma “revolução nas políticas de habitação”, aumentando a oferta pública, criando uma “quota de habitação a custos controlados para novos empreendimentos privados” e uma limitação ao alojamento local.

A moção global considera “fundamental mitigar a pobreza de uma grande parte da população, com apoios monetários reforçados”, e alerta para a importância de criar “incentivos abrangentes e permanentes” para fixar profissionais no Serviço Regional de Saúde.

É defendido que a companhia aérea SATA deve ser 100% pública, que a “cultura deve ser uma prioridade política” e que os transportes coletivos devem ser gratuitos a curto prazo.

Os subscritores (a lista inclui a deputada regional Alexandra Manes e o antigo parlamentar Paulo Mendes) querem um “combate ao conservadorismo e ao patriarcado” e o aprofundamento da autonomia regional.

 

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