“Em 1991, quando estava a estudar fotografia na Universidade de Ryerson (agora Universidade Metropolitana de Toronto), elaborei um projeto da minha tese, para explorar as minhas raízes e mergulhar na cultura da terra natal dos meus pais, Rabo de Peixe”, começou por dizer o luso-canadiano.

Licenciado em fotografia pela universidade canadiana, George Pimentel explicou que a sua intenção foi de “documentar a vila piscatória de Rabo de Peixe”, um local “culturalmente vibrante” e as suas “personagens locais”, e como os seus pais “viam o mundo”.

Naquela vila ‘pitoresca’, o fotógrafo de celebridades descobriu “mais do que apenas uma ligação” às suas origens.

“Encontrei um sentimento de pertença e um apreço renovado pela vida humilde e trabalhadora que moldou a história da minha família. Foi através desta viagem de autodescoberta, que entendi o verdadeiro significado do legado fotográfico do meu avô”, descreveu.

A paixão de George Pimentel pela fotografia vem de laços familiares, uma atividade iniciada pelo seu avô Laranja na vila de Rabo de Peixe, na década de 1940.

No coração de Rabo de Peixe, o avô de Pimentel, Francisco Custódio, também conhecido por Laranja, em 1940, foi um dos pioneiros da fotografia na localidade, através de uma câmara 5×7 construída pelo próprio.

Foi através de placas de vidro, que Laranja capturou momentos com uma ‘precisão meticulosa’, em diversas temáticas, como famílias, cerimónias matrimoniais, militares e até festas populares.

“Com a ausência de eletricidade, o meu avô construiu o seu próprio estúdio nas traseiras da sua casa, incorporando uma claraboia para aproveitar a luz natural. Dentro das paredes do seu santuário, ele criou uma câmara escura, onde projetou um tubo que chegava do teto e servia como seu ampliador, permitindo que a luz dançasse sobre as imagens nas profundezas da escuridão”, recordou.

O seu pai, José, ao imigrar para o Canadá, em 1966, deu continuidade a esse trajeto e desde 1971, que o seu ateliê, localizado no Little Portugal de Toronto, continua de portas abertas.

O fotógrafo de uma terceira geração disse que esta era uma oportunidade “quase única” de apresentar esta exposição, incluindo fotografias do seu avô, da década de 40, após testemunhar a degradação das placas de vidro.

“Sinto uma profunda responsabilidade em preservar o nosso arquivo familiar e mostrar a importância do nosso património. Estas fotografias intemporais, preservadas desde 1940, servem como testemunho da vibrante vida naquela época”, frisou.

Paralelamente o luso-canadiano apresenta também na exposição, fotografias tiradas em 1991, revelando uma “narrativa da evolução e o espírito duradouro” da vila de Rabo de Peixe.

A exposição ´Rabo de Peixe 1940’s & 1991’, está patente até 01 de setembro na galeria Silvershack, localizada no número 1681 da Dundas Street West, em Toronto, aberta de terça-feira a domingo.

Após mais de 30 anos sem visitar a vila açoriana, o luso-canadiano admitiu que gostava de regressar para “apresentar a exposição” a Rabo de Peixe e “mostrá-la aos jovens que aparecem nas fotografias”, que hoje são adultos.

Filho de emigrantes de Rabo de Peixe, na ilha açoriana de São Miguel, o luso-canadiano já fotografou estrelas da sétima arte como Robert de Niro, Will Smith, Tom Cruise, Nicole Kidman, Gwyneth Paltrow, Al Pacino, Sean Penn, os músicos Lady Gaga, Sean Penn, entre outras celebridades.

PUB