25 Abril: Associação apela a reflexão e exercício de cidadania

A Associação Promotora das Comemorações do 25 de Abril nos Açores apelou hoje a uma reflexão sobre os ideais da Revolução dos Cravos que “não foram conseguidos”, alegando que existem “interesses muito fortes que querem destruir a democracia”.

A associação organiza anualmente os festejos da Revolução dos Cravos na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, mas este ano haverá “uma comemoração mais alargada”, culminando no dia 25 com um concerto de entrada livre, no Coliseu Micaelense, juntando alunos e professores do Conservatório Regional, músicos e artistas convidados.

Numa conferência nas Portas da Cidade de Ponta Delgada, palco onde se realizam anualmente as comemorações, Filipe Cordeiro, da Associação Promotora das Comemorações do 25 de Abril, sublinhou que “é preciso que se façam reflexões sobre aquilo que não foi conseguido dos ideais de Abril”, justificando que “o exercício da cidadania também é importante para a democracia”.

“Há 50 anos conseguiu-se ganhar a liberdade e consequentemente a democracia, mas os partidos do arco de governação devem refletir para verem o que é que falhou”, sustentou, apontando as situações de pobreza e exclusão social, o desemprego e as dificuldades dos jovens, que se vêm obrigados a emigrar.

Segundo Filipe Cordeiro, “os partidos que tiveram na governação durante estes quatro anos conseguiram fazer uma coisa bastante significativa pela negativa”, porque se chegou aos 50 anos do 25 de Abril e existe “uma luta muito grande” para defender a democracia.

“Manuel Alegre, um poeta que lutou pela liberdade a vida toda dizia uma coisa importante para refletirmos: a democracia falhou. E, acrescentaria, que as políticas sociais e económicas também falharam”, disse.

Realçando a importância de lembrar sempre o 25 de Abril, Filipe Cordeiro insistiu que a mensagem importante “é a luta pela democracia”.

“É a luta para que efetivamente os partidos políticos, em geral, façam uma grande reflexão e, em particular, aqueles partidos que tiveram no arco do poder para perceberem o que é que falhou nas suas políticas para chegarmos onde estamos 50 anos depois do 25 de Abril”, acrescentou, apontando para falhas que conduziram “ao aumento da pobreza e exclusão social” e “os elevados juros pagos pelos portugueses” aos bancos.

Filipe Cordeiro disse ainda que não se fez a pedagogia “do que existia antes do 25 de Abril”, para que os jovens de hoje pudessem ter a noção do que era viver antes daquela data, considerando que “o grande grito de alerta” deve partir da juventude.

O programa das comemorações, que este ano terá uma abrangência maior, contempla no dia 22 de abril uma sessão comemorativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada com uma mesa redonda com a participação dos ex-presidentes do Governo Regional dos Açores Mota Amaral e da Madeira João Bosco Mota Amaral.

Já no dia 23 será realizada uma conferência sobre o Cinquentenário de Abril com o comandante Henrique Mendonça e o escritor João de Melo, enquanto no dia 24 o Auditório Luís de Camões receberá um concerto pela Banda da Zona Militar dos Açores.

No dia 25, a partir das 13:30 locais (14:30 em Lisboa), haverá a concentração para a “Marcha Assembleia em Movimento – Transmalhar pela Democracia”, desde o Largo de Camões até às Portas da Cidade de Ponta Delgada, a que se seguirá, a partir das 15:00, a tradicional festa popular na Praça Gonçalo Velho, no centro da cidade, com atuações musicais.

A festa encerrará com um concerto, de entrada livre, no Coliseu Micaelense, a partir das 18:30, designado “Canto o teu nome, Liberdade”.

As comemorações contam com o apoio da autarquia de Ponta Delgada, Governo dos Açores, organizações sindicais, juntas de freguesia e organizações partidárias.

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