Mais de duas dezenas de oradores de três continentes do Atlântico reúnem-se, a partir de quinta-feira, em Santa Maria, num fórum onde a posição geoestratégica dos Açores estará em reflexão, foi hoje anunciado.
Trata-se da quarta edição do Fórum LPAZ que, ao longo de três dias, terá como tema “os Açores, o Atlântico e os Desafios Globais”.
O fórum é promovido pela Associação LPAZ, em parceria com os CEI-Iscte (Centro de Estudos Internacionais do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa), o CEHu – Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores e o Centro do Atlântico e a Transatlantic Studies Association.
Em comunicado de imprensa enviado à agência Lusa, a organização adianta que o Fórum LPAZ reúne oradores dos três continentes do Atlântico, que vão debater temas desde a História às Relações Internacionais e ao Aeroespacial.
Esta conferência destaca “a necessidade de o poder político basear mais as suas decisões nas evidências fornecidas pela ciência”, lê-se na nota.
Segundo a organização, os Açores “estão a crescer enquanto palco diplomático para os estados do Atlântico se encontrarem e discutirem temas como as ameaças de segurança ou as questões climáticas”.
Devido à sua localização estratégica, o arquipélago “é cada vez mais escolhido para alojar iniciativas internacionais de defesa como o Centro do Atlântico, mas também de diplomacia científica, como o AIR- Center – Atlantic International Research Centre ou o Global Exploration Summit”, acrescenta.
Tomé Ribeiro Gomes, investigador do CEI – Centro de Estudos Internacionais do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, sublinha que, “ao longo do tempo, os Açores ganharam reputação de anfitrião seguro por ficarem a meio caminho entre os países do Atlântico e serem vistos como neutrais: já que não estão fisicamente ligados à Europa, são percecionados como um território limpo de conotações”.
“Em negociações entre Estados essa perceção importa imenso”, acrescenta o investigador, citado na nota de imprensa.
O investigador participará no painel “Os Açores na Política Atlântica” do Fórum LPAZ.
Para a docente e diretora do CEI-Iscte, Ana Mónica Fonseca, também citada no comunicado de imprensa, “os Açores continuam a ter um papel central na geopolítica mundial, como espaço de promoção da diplomacia e do conhecimento no Atlântico”.
“Estas ilhas estão a posicionar-se para serem um palco de apresentação da produção científica, da defesa e de relações duradouras no Ocidente”, considera ainda.
Já Paulo Fontes, investigador do CEHu – Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores, diz que “a diplomacia científica é uma subárea na qual o arquipélago se tem afirmado”.
O investigador, que vai intervir também no fórum, refere que “o sucesso das políticas públicas é muito maior quando a decisão é baseada em evidências, quando os políticos consultam cientistas e trabalham com eles – como sucedeu, por exemplo, durante a pandemia da covid-19”.
O programa abre com uma discussão sobre as relações entre a União Europeia e a NATO e encerra com um Roteiro Estratégico pela Ilha de Santa Maria, com paragem em pontos com relevância atual, como o Centro de Controlo Oceânico, a Estação Thales-Edisoft ou a Estação RAEGE, e passada, como os Bunkers do Pico Alto ou o imóvel de interesse público “Lugar do Aeroporto”, de acordo com a organização.
O fórum conta com o apoio do Governo Regional, da Câmara Municipal de Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, e da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.