O PS/Terceira disse hoje que a execução do investimento público na ilha em 2022 foi a mais baixa desde 2014 e que a percentagem de investimento na ilha face ao todo regional foi “historicamente baixa”.
“Nós podíamos estar a falar de pouca execução na ilha Terceira, mas o peso relativamente ao investimento na região ter-se mantido. Mas não. O que se verifica é que, não só houve uma redução do montante investido na Terceira, como a proporção deste valor no total da região é inferior”, afirmou o membro do secretariado da ilha Terceira do PS José Toste, em conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Segundo o dirigente socialista, o plano regional anual dos Açores para 2022 previa um investimento de 206 milhões de euros na ilha Terceira, mas o relatório de execução indica que só se concretizaram 59,98 milhões.
“É necessário recuar a 2014 para constatar um valor inferior a 2022”, apontou, enumerando os investimentos executados entre 2012 e 2022, todos acima dos 60 milhões de euros, com exceção de 2014 (52,8 milhões).
Quanto ao peso do investimento realizado na ilha no total regional, José Toste adiantou que, em 2022, houve uma redução de “seis pontos percentuais” para 11,6%, o valor mais baixo dos últimos 10 anos, em que a percentagem esteve sempre acima dos 15%.
Segundo o membro do secretariado do PS na ilha Terceira, a baixa execução pode estar relacionada com “uma degradação das finanças públicas regionais” ou com uma “opção política e deliberada por investir noutras ilhas e não na ilha Terceira”.
Questionado sobre as reivindicações recentes da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel de mais investimento na ilha, José Toste disse que o PS/Terceira partilha das mesmas preocupações relativas à falta de execução de investimentos previstos.
“Se o plano de 2023 tiver uma taxa de execução semelhante à comprovada em 2022, isso significa que muito investimento já previsto e planeado pode ficar por fazer”, alertou.
Quanto a investimentos futuros, o dirigente socialista disse não ver com preocupação que se invista mais em São Miguel, desde que a alocação de verbas não seja feita “à custa da redução de investimento nas outras ilhas da região”.
José Toste defendeu que a redução de investimento público na Terceira teve impactos na economia da ilha, dando como exemplo a quebra de dormidas em alojamentos turísticos entre janeiro e abril.
O dirigente socialista lembrou que o plano de investimentos para 2022 previa uma verba de 250 mil euros para promoção e angariação de novos fluxos turísticos para a Aerogare Civil das Lajes, mas só foram executados 15 mil euros.
“Se os 250 mil euros que estavam previstos tivessem sido investidos, estaríamos numa posição melhor. Essa falta de investimento teve como consequência a redução que está a ser sentida no turismo na ilha, principalmente ao nível da época baixa”, vincou.
Entre outros exemplos, destacou a baixa execução em investimentos previstos nos portos de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória e nas estradas regionais ou a ausência de investimentos em projetos como um centro de acompanhamento para pessoas com deficiência, um centro interpretativo para a base das Lajes e um centro de interpretação ambiental para o Algar do Carvão.
Questionado sobre o impacto da inflação e da falta de materiais, decorrentes da guerra na Ucrânia, no atraso das obras, José Toste disse que muitos dos investimentos que ficaram por executar estavam relacionados com a “realização do projeto”.