Um estudo científico internacional identificou três aves que nidificam nos Açores, os cagarros, o painho-de-monteiro e o painho-da-madeira, como estando expostas aos riscos do plástico marinho, defendendo a cooperação entre países para combater a poluição do mar.
Segundo um comunicado do Instituto Okeanos da Universidade dos Açores, a investigação, publicada na revista ‘Nature Communications’, identificou “áreas em todo o mundo que representam um risco elevado de exposição a plásticos marinhos para as aves marinhas oceânicas”.
Entre as 60 espécies de aves marinhas estudadas encontram-se três que nidificam nos Açores: o cagarro, o painho-de-Monteiro e o painho-da-Madeira.
“O risco de exposição ao plástico ocorre principalmente fora das ZEE [Zonas Económicas Exclusivas], onde as aves nidificam, reforçando a importância da cooperação internacional para mitigar o problema da poluição de plástico em alto-mar”, lê-se na nota.
Segundo o estudo, que envolveu investigadores de todo o mundo, a atuação nas ZEE “não vai proteger adequadamente a maioria das espécies”, devido à poluição que existe em zonas marítimas sem jurisdição.
“Os resultados sublinham a necessidade de melhorar a cooperação e a colaboração internacionais para enfrentar a ameaça global da poluição por plásticos”, é referido.
A investigação revelou também que espécies já consideradas como “ameaçadas”, como o cagarro, a cagarra-de-Newell e a pardela-do-Havaí “apresentam um maior risco de exposição”.
“Este facto é particularmente preocupante para as espécies que já correm um maior risco de extinção devido a outras ameaças, como as espécies invasoras, as pescas e as alterações climáticas”, alertam os investigadores.
Os investigadores lembram que “muitas espécies de aves marinhas são particularmente sensíveis à poluição por plásticos, uma vez que ingerem frequentemente plásticos ou ficam enredadas neles quando se alimentam”.
“Dado o aumento da poluição marinha por plásticos e a sua distribuição irregular em todo o mundo, é crucial compreender onde as aves marinhas encontram e estão em risco de encontrar plásticos, para informar as ações de mitigação e conservação”, defendem ainda os especialistas.