As pescas estão a atravessar um momento dos mais difíceis dos últimos tempos e não é nada que não estivéssemos à espera, infelizmente.

Temos um governo que se preocupa com o mar, mas não temos ninguém que se preocupe verdadeiramente com as pescas.

Os autoelogios sucedem-se na área da sustentabilidade e do pretenso exemplo para o mundo, mas sobre pescas não há nada, ou melhor, os únicos anúncios nesta área são quotas, as suas limitações e muitas ameaças de sanções.

Já referimos por diversas vezes que uma parte dos utilizadores do mar não tinha conhecimento do que aí vem. Tentaram convencer-nos que não, mas agora, perante ameaças de um eventual endurecimento da luta por parte daqueles que sentem na pele estes desvarios, o Secretário Regional do Mar propõe-se ir até junto dos pescadores para explicar a situação. A pergunta que se faz é porque só agora? Por onde andou que não teve tempo para o fazer na altura certa?

O Governo Regional vendeu o mar dos Açores em troca de umas participaçõezinhas em fóruns internacionais. Dá visibilidade, sim senhor. Uma palestra aqui, outra acolá, sempre com o exemplo dos Açores na ponta da língua e umas boas imagens nas televisões, mas os problemas no sector das pescas crescem acentuadamente e ninguém do Governo se importa.

As quotas vão-se esgotando umas atrás de outras, fazem-se devoluções de pescado ao mar, aos poucos os pescadores vão para o desemprego, começam a surgir embarcações à venda e falta espaço para armazenar o pescado que ainda se pode apanhar. Tudo isto a acontecer a olhos vistos, mas as culpas são sempre passadas para os outros.

O Presidente do Governo mantem a confiança no Secretário do Mar e está no seu direito, mas assim não dá, porque esta secretaria está claramente afetada por um conflito de interesses e isso só se resolve se for criado um departamento que cuide da abandonada fileira da pesca.

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