A Lotaçor, que gere as lotas dos Açores, considerou hoje que a falta de espaço nos entrepostos frigoríficos se deve à “safra abundante” e à falta de capacidade de resposta das conserveiras, rejeitando ser a causa do constrangimento.

Num comunicado publicado nas redes sociais, a Lotaçor afirma que a “falta de espaço de armazenagem de pescado nos entrepostos frigoríficos” do arquipélago se deve a uma safra que deve ser a “melhor dos últimos 10 anos”.

A empresa pública justifica ainda a situação com a “capacidade de laboração das conserveiras, que é muito inferior ao volume das descargas que se têm verificado em 2025”.

“Existe também uma quantidade significativa de atum-patudo armazenado, não destinado à indústria, que aguarda mercado para ser escoado”, lê-se.

A Lotaçor avança que conseguiu reforçar a capacidade de armazenagem em 200 toneladas com alugueres a duas empresas de São Miguel, um reforço que, entretanto, já foi esgotado.

“Mais do que isso não é possível fazer por não haver privados com oferta para este tipo de serviço”, garante.

Os entrepostos frigoríficos, acrescenta, têm uma “capacidade teórica” de armazenagem de 5.500 toneladas, mas o valor é “calculado para armazenagem de bonito e outras espécies que não os tunídeos”.

“Há uma quantidade significativa de atum-patudo armazenado, o que contribui para o esgotamento do espaço disponível apesar de não termos atingido os limites em termos de peso armazenado”, refere.

A empresa responsável pelas lotas nos Açores rejeita responsabilidades pela falta de espaço nos entrepostos frigoríficos e mostra-se disponível para “arranjar uma saída para a situação presente e para situações futuras” em articulação com o setor e o Governo Regional.

“Da mesma forma que a Lotaçor não é a causa deste constrangimento, também não é, por si só, a solução para o mesmo”, reforça.

Na quinta-feira, o secretário regional do Mar e das Pescas dos Açores, Mário Rui Pinho, declinou responsabilidades do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) em encontrar soluções para o armazenamento de todo o atum que tem sido capturado no mar dos Açores.

“Eu fico muito contente de saber que temos os entrepostos frigoríficos dos Açores cheios, não tendo capacidade, neste momento, para armazenar mais. Só nos resta pedir aos empresários que façam a concertação do que fazer neste momento, porque o Governo [Regional] não tem mais capacidade de dar resposta”, admitiu o governante, em declarações aos jornalistas, na cidade da Horta.

A situação já foi denunciada por associações de pescadores e levou o PS/Açores a alertar que a falta de capacidade de armazenamento do atum está a “comprometer a safra”.

 

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