O deputado regional socialista Gualberto Rita considerou hoje que há “total descoordenação” entre o Governo dos Açores, a Lotaçor, os armadores e a indústria, que está a “comprometer” o armazenamento de pescado na safra do atum.

Citado em comunicado do parlamentar do PS/Açores na Assembleia Legislativa Regional, o deputado diz que a “total descoordenação entre o Governo Regional, a Lotaçor, os armadores e a indústria” é algo que está a “comprometer seriamente o armazenamento do pescado e os rendimentos dos pescadores açorianos durante a safra do atum bonito”.

Gualberto Rita afirma que as “frequentes contestações dos pescadores resultam, em grande medida, da ausência de um planeamento estratégico adequado e do desconhecimento generalizado sobre o funcionamento da safra nos Açores”.

O deputado diz que há entrepostos que “iniciam a safra já parcialmente ocupados e portarias publicadas tarde demais, criando entraves adicionais à atividade”.

Segundo o parlamentar, este cenário “contrasta com anos anteriores, em que, mesmo com volumes muito superiores de pescado, foi possível assegurar condições de descarga e escoamento sem as atuais dificuldades.

O socialista afirma que as consequências “recaem inevitavelmente sobre pescadores e armadores”, que enfrentam “perdas económicas significativas”.

O elemento da bancada socialista no parlamento regional considera que, “sobretudo perante as dificuldades acumuladas nos últimos anos e o aumento dos custos com combustíveis, muitas embarcações viram-se obrigadas a reduzir drasticamente as capturas e algumas até a cessar a safra”.

Também a indústria é penalizada, já que, “com maior disponibilidade de matéria-prima local, poderia reduzir a dependência de importações para a produção das suas conservas”, acrescenta.

Gualberto Rita sustenta que o secretário regional das Pescas, “em vez de assumir responsabilidades e exigir da Lotaçor uma gestão eficiente e uma coordenação eficaz da safra”, opta por se “refugiar em justificações vagas, transferindo para as associações de pescadores e para a indústria a carga das falhas verificadas”.

Em 13 de agosto, no porto de Ponta Delgada, pescadores de pequenas embarcações bloquearam o acesso à lota para efeito de descarga de pescado em frio, queixando-se que os grandes armadores estavam a ocupar a capacidade de armazenamento do pescado disponível.

Em declarações à RTP/Açores no mesmo dia, o secretário regional do Mar e das Pescas, Mário Rui Pinho, considerou que este “é um problema muito complexo”.

“Querem que as embarcações pequenas tenham acesso aos desembarques e que o entreposto esteja reservado para as embarcações pequeninas. Na concertação com os representantes do setor nós não temos esse consenso”, afirmou.

De acordo com Mário Rui Pinho, se houver a “tentação de quebrar o consenso que existe na concertação social e satisfazer um determinado grupo”, depois “não se resolverá o problema”.

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