O festival Maré de Agosto, na ilha de Santa Maria, nos Açores, que arranca hoje, é ponto de encontro de amigos e famílias há 41 anos, para ouvir nomes da ‘world music’, menos habituais nos palcos da região.
“A ‘Maré’ tem 41 anos. Hoje temos público que é habitual vir, que já sabemos onde vão ficar no recinto, que estendem a sua manta, que vinham cá [antes] e hoje têm filhos e muitos deles já têm netos. Acho que faz parte do cartaz e do espírito da ‘Maré’. É essa a tónica que nos diferencia em relação ao resto dos festivais dos Açores”, afirmou, em declarações à Lusa, o presidente da direção da Associação Cultural Maré de Agosto, Rui Parece.
A 41.ª edição do festival arranca hoje, com um “pré-aquecimento”, fora do recinto principal, na freguesia da Almagreira, “num palco ecológico, feito em rolos de erva em forma circular”.
O músico açoriano Cristóvam sobe ao Palco Terra, para um “concerto intimista”, que começa mais cedo do que o habitual, às 20:30.
Pelo recinto principal, junto à Praia Formosa, vão passar Bloco do Caos, Bateu Matou e DJ Souza, na quinta-feira, Macacos do Chinês, Patrice e DJ Mari Ferrari, na sexta-feira, e Bia Caboz, Lyche Lassi, Ibio Sound Machine e DJ Tecnick, no sábado.
A organização espera um recinto “completamente cheio”, com a população da ilha, mas também muitos visitantes de outras ilhas, de Portugal continental e do estrangeiro.
“Nota-se muita gente [de fora da ilha] e cada vez mais nota-se que quem vem à ‘Maré’ não vem no dia da ‘Maré’, vem sempre dois o três dias antes para desfrutar da ilha, para passar férias e descansar”, salientou Rui Parece.
O objetivo, segundo o presidente da direção, é levar à ilha Santa Maria sonoridades que de outra forma não chegariam ao ponto mais oriental do arquipélago.
“Não somos um festival comercial. Pautamo-nos por isso. A nossa marca é a ‘world music’, trazer bandas que normalmente não vêm a Portugal, nomes que estão em crescendo”, explicou.
Num festival marcado pelo “encontro de amigos e de gerações”, o ambiente acaba, muitas vezes, por se sobrepor ao cartaz musical.
“Grande parte do público que vem ao festival nem sabe quem vem tocar ou nunca ouviu falar de quem vem tocar cá, mas ao longo destes 41 anos o Maré de Agosto habitou-os de que quem vem a Santa Maria tocar é de qualidade e faz sentido no nosso enquadramento”, apontou Rui Parece.
Numa ilha com 97 quilómetros quadrados e cerca de 5.500 habitantes, as dificuldades na organização de um festival deste género repetem-se há 41 anos, mas vão sendo colmatadas com a ajuda de uma equipa que trabalha de forma voluntária.
“As dificuldades mantêm-se as mesmas. É o facto de vivermos numa ilha mais pequena, onde quase toda a logística tem de vir do exterior […] Tudo se faz com uma grande equipa que temos de colaboradores. É um festival que não paga a ninguém que está no bar, no merchandising, nas bilheteiras, nas montagens…”, sublinhou Rui Parece.
A iniciativa é apoiada pelo município de Vila do Porto e pelo Governo Regional dos Açores.