Foto: Pepe Brix

Dez anos de colaboração com a revista National Geographic estão agora reunidos numa exposição do fotojornalista açoriano Pepe Brix, patente na ilha de Santa Maria, mas que será itinerante e testemunha uma preocupação com “questões de sustentabilidade”.

Natural de Santa Maria, nos Açores, Pepe Brix, prémio Gazeta com a reportagem com que se estreou na Revista National Geographic Portugal, admite à Lusa uma preocupação ambiental e de sustentabilidade transversal no seu trabalho, para que terá contribuído o facto de “ter nascido numa ilha”.

“Esta condição que nos é imposta pelo mar rasga uma série de vetores e espetros e condiciona um bocado a forma como nós olhamos para o mundo. Talvez por isso, o meu trabalho tenha sido, nos últimos 20 anos, muito dedicado ao mar e às pescas, à condição humana na sua relação com o oceano”, afirma o fotojornalista.

De acordo com Pepe Brix, esta realidade impõe que “se faça uma reflexão sobre em que estado se está a deixar os oceanos” e que “oceanos se quer para o futuro”.

“Muitos dos meus artigos, não fugindo da sua componente muito humana, abordam estas questões, quer seja de uma análise do tipo de pesca, por exemplo o salto e vara, altamente sustentável”, refere.

O fotojornalista identifica também a “análise de uma investigação que está a decorrer em Portugal que, através de uma alga, quer mudar a pegada da pecuária e reduzir as emissões de metano”.

São exemplos que o seu trabalho, “de alguma forma, está muito relacionado com questões de sustentabilidade”.

Gonçalo Pereira Rosa, diretor da National Geographic Portugal e Espanha, refere numa nota alusiva à exposição que, “acompanhadas de textos que aprofundam o contexto social dos retratados e que buscam contar a história invisível” as fotos de Pepe Brix têm “consolidado, como poucos, uma voz visual com uma identidade muito própria dentro da revista”.

“Quase que se diria que as fotografias de Pepe Brix dispensam o crédito porque o leitor as reconhece como expressões de um estilo”, salienta o editor.

Gonçalo Pereira Rosa aponta que “ao longo desta década” contou com o fotojornalista açoriano e, “graças a ele, com histórias de oceanografia, de biodiversidade e de paleontologia”, sendo a ciência “o seu pano de fundo”.

De acordo com o diretor da National Geographic, os Açores “são a janela para uma certa maneira de ver o mundo, recusando aquele aforismo muito citado de Vitorino Nemésio dos Açores como ‘terra de mar e lava, sargaços, peixes, piratas, um pouco de enxofre e sismos’”.

“As histórias de Pepe Brix têm gente lá dentro e ajudam a construir um discurso mais poliédrico da relação da região autónoma com o mundo natural. Os retratos de Pepe Brix estão na galeria do melhor que se faz no jornalismo”, considera.

A exposição de Pepe Brix está patente no Núcleo de Vila do Porto do Museu de Santa Maria, sua terra natal, mas será itinerante.

 

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