O Presidente da República pediu hoje mais definição da estratégia do mar e defendeu que o país “deve continuar a lutar pelo alargamento da plataforma continental”.

Num discurso com cerca de 40 minutos na Escola do Mar dos Açores, na ilha do Faial, o Presidente da República começou por defender a importância da soberania nacional, argumentando que uma “sociedade que não é capaz de afirmar a sua soberania é uma sociedade cheia de tensões internas” e fragilidades.

“Olhamos para os estados e vemos que os estados que são estados falhados ou estados mais frágeis ou mais fracos, são precisamente por não encontrar uma maneira de afirmar a sua soberania nacional”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo abordou também a zona marítima sob jurisdição nacional, para afirmar que os portugueses não têm noção da sua dimensão e defender que Portugal deve “continuar a lutar pelo alargamento da plataforma continental”.

O Presidente da República disse que uma estratégia para o mar português existe apenas “na cabeça de muitos especialistas”, mas não tem existido enquanto uma “linha contínua, Governo após Governo, autoridade após autoridade”, acrescentando que, de executivo para executivo, se muda a “importância e o relacionamento orgânico de quem está encarregado da política do mar”.

“Umas vezes é a chefia do Governo, outras vezes os Negócios Estrangeiros, outras vezes é um membro do Governo vocacionado para isso, outras vezes é uma realidade que está incluída numa pasta que muda também no tempo. Ora, temos de ter uma estabilização desta matéria, saber quem manda”, apelou.

Marcelo defendeu também, numa altura em que a “atenção tem sido concentrada na terra”, que faz sentido “olhar para o mar como prioridade nacional” porque a posição geográfica de Portugal na Europa “vem precisamente da localização arquipelágica” que permite ao país “ser ponte entre oceanos e continentes”.

Sobre os Açores, o Presidente disse ser uma região com uma “importância geopolítica estratégica fundamental” para Portugal, a Europa, para os Estados Unidos e “para o equilíbrio de poderes no mundo”.

O Presidente da República, no mesmo discurso, defendeu ainda uma maior aposta em novas indústrias como a inovação tecnológica, a cibersegurança ou a defesa, afirmando que esse investimento implica “uma grande coligação política” e que as universidades, os centros de investigação e os portugueses devem perceber a importância desses investimentos para afirmação do país.

“Olhem que outros países já demonstraram que é um fator de emprego. E de emprego cada vez mais qualificado. E de empresas com cada vez maior valor acrescentado. Que é o que nós precisamos”, argumentou.

Antes, interveio o presidente do Governo regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, que defendeu que o arquipélago deve ter uma nova mentalidade que transforme a região numa “região de oportunidades” e não de necessidades, baseada num investimento na investigação científica e na valorização do mar.

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