Trabalhadores da empresa municipal Praia Ambiente, nos Açores, vão avançar com um dia de greve, em 01 de agosto, para protestar contra desigualdades na atribuição de aumentos salariais dentro da empresa, foi hoje anunciado.
Em causa, segundo a dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL) Benvinda Borges, está o facto de ter havido uma negociação paralela com alguns trabalhadores, que tiveram aumentos salariais superiores aos restantes.
“Houve um acordo que estava já fechado. O anterior administrador executivo saiu em 03 de janeiro e já tinha fechado o acordo connosco. E quando fomos para assinar [com o novo administrador executivo percebemos] que tinha havido negociações paralelas com seis ou sete trabalhadores”, afirmou, em declarações aos jornalistas.
Segundo Benvinda Borges, em janeiro, o sindicato acordou um aumento salarial abaixo do que reivindicava, porque a empresa alegava não ter dinheiro para um aumento superior, e os técnicos superiores aceitaram mesmo receber, em 2025, apenas 50% do valor previsto.
“Em janeiro, todos foram aumentados por igual. Depois aumentaram estes trabalhadores e até lhes deram retroativos. Foram negociações paralelas. Não temos nada contra quem esteja a ganhar mais, queremos é que haja igualdade para todos”, avançou.
Com cerca de 70 funcionários, na maioria assistentes operacionais, a Praia Ambiente é a empresa municipal responsável pelo abastecimento de água e recolha de resíduos no concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira.
Os trabalhadores reuniram-se hoje em plenário e decidiram avançar com uma greve no primeiro dia de agosto e realizar uma manifestação nas ruas da cidade.
A data da greve coincide com o primeiro dia das festas concelhias e poderá deixar a Praia da Vitória sem recolha de lixo.
Benvinda Borges garantiu que há um “descontentamento generalizado dos trabalhadores”, que reclamam aumentos salariais.
“Queremos que haja igualdade e que os trabalhadores vejam todos o seu salário aumentado. Se havia dinheiro para uns, havia para outros”, vincou.
O sindicato reivindica para os técnicos superiores, que abdicaram de 50% do aumento, o recebimento da totalidade do valor previsto, e que os assistentes técnicos subam um nível na tabela salarial, como foi acordado nas negociações paralelas com alguns trabalhadores.
“Até ao dia da greve esperamos abertura [para negociar], até porque a senhora presidente da câmara disse que o município tinha 800 mil euros de lucro. Isto é uma empresa municipal. Queremos que se faça justiça”, salientou a dirigente do STAL.
Questionado pela Lusa, o vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Ricky Baptista, que é presidente do conselho de administração da Praia Ambiente, disse ter havido um erro, que será corrigido.
“Houve um erro com quatro colaboradores e, perante um parecer jurídico, vamos corrigir a situação, de forma a garantir equidade entre todos os colaboradores”, afirmou.
Ricky Baptista não quis, no entanto, revelar se essa correção passa por reduzir os aumentos atribuídos a estes quatro trabalhadores ou por aumentar os vencimentos dos restantes, alegando que pretendia falar primeiro com os funcionários.
“O conselho de administração esteve reunido e vamos informar os colaboradores da decisão”, adiantou.
O autarca disse esperar que haja um entendimento capaz de evitar a greve, sublinhando que o conselho de administração tem mostrado “boa vontade” para trabalhar com os sindicatos.
“O conselho de administração tem vindo a mostrar a sua vontade em tratar todos os colaboradores por igual, com medidas como a implementação das 35 horas semanais para todos, acabando com uma diferenciação entre colegas. A nossa proposta inclui uma tabela remuneratória única, equiparando [os salários] com a função pública”, apontou.