O Dia Mundial do Ambiente, celebrado a 5 de junho desde 1972, é um convite à reflexão global e à valorização das boas práticas locais. Nos Açores, o Relatório do Estado do Ambiente 2020-2022 (REA) revela progressos notáveis, refletindo um compromisso firme com a sustentabilidade e a proteção dos recursos naturais.
Na conservação da natureza, os dados são expressivos: 24% do território terrestre açoriano está classificado como área protegida, integrando a Rede Natura 2000 e a Rede de Áreas Protegidas dos Açores. Projetos como o LIFE IP Azores Natura, o LIFE SNAILS e o LIFE BEETLES reforçam a proteção de espécies endémicas, cuja contagem oficial atinge as 465. O controlo de 38 espécies invasoras avançou com ações em 400 ha, enquanto o Banco de Sementes dos Açores salvaguarda 18 milhões de sementes de 70 espécies, das quais 58 são endémicas.
A qualidade do ar manteve-se classificada como “Bom” em todas as estações durante o triénio e 99,01% da água para consumo humano cumpriu os parâmetros legais em 2021. A Região continua a apresentar um balanço hídrico positivo. Em 2024, foi criado o Plano de Gestão de Secas e Escassez de Água, com mais de 20 medidas, preparando os Açores para os efeitos das alterações climáticas.
No domínio dos resíduos, a valorização atingiu 58% em 2022 e a taxa de preparação para reutilização e reciclagem subiu para 33,4%, aproximando-se das metas europeias.
Em 2025 nasce um novo projeto-piloto para a recolha de cápsulas de café, que se estenderá a todos os municípios, contribuindo para um crescimento na reciclagem de 17% registado nos últimos dois anos. Este progresso só é possível graças à sensibilização ambiental contínua, preparada para as escolas, campanhas de sensibilização ambiental direcionadas à população em geral, empresas, destacando-se o programa “Amigo da Natureza” e muitas outras entidades e instituições motivadas para um desígnio comum: a redução de produção de resíduos e aumento do tratamento.
A mais recente reunião do Conselho Regional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (março de 2025) discutiu uma visão integrada da sustentabilidade na Região, com a apresentação dos Planos de Gestão dos Parques Naturais das ilhas do Corvo, Flores, S. Jorge, Graciosa, Terceira e Santa Maria, essenciais para proteção de habitats, das espécies endémicas e paisagens. Também foi discutida a atualização do Regime Jurídico de Fluxos Específicos, alinhando-o com a legislação comunitária. Ações que se articulam com a aprovação da Agenda para a Economia Circular Regional em fevereiro.
O Geoparque Açores, que recebeu um “Cartão Amarelo” na avaliação do quadriénio 2017-2021, por inação do Governo socialista, viu reconhecido o esforço de recuperação feito pelo Governo de José Manuel Bolieiro, tendo recuperado, em 2024, o “Cartão Verde” pela UNESCO, garantindo o seu estatuto por mais quatro anos.
A proteção do ambiente exige uma ação de monitorização constante destaca-se, a esse nível, a modernização do Observatório da Montanha do Pico, em parceria com a Universidade dos Açores, bem como a atuação do Observatório Climático do Atlântico. Estas infraestruturas permitem a recolha de dados fundamentais para estudar fenómenos globais como as alterações climáticas, posicionando os Açores como plataforma estratégica de investigação no Atlântico Norte.
O presente e o futuro da ação climática nos Açores passam por projetos como o Planclimac 2 (resiliência climática), o Implacost (impactos costeiros), o Projeto Têxtil (gestão de resíduos têxteis) e o CircularOcean (reciclagem de lixo marinho). Estas iniciativas complementam os instrumentos regionais como o Programa Regional para as Alterações Climáticas (PRAC) e promovem uma abordagem preventiva e adaptativa.
Outro motivo de orgulho para os Açores consistiu na renovação, em novembro de 2024, do Galardão da Carta Europeia de Turismo Sustentável das Terras do Priolo. Este reconhecimento atesta o trabalho desenvolvido, pelo Governo Regional em prol de um turismo responsável, tendo contribuído para a melhoria do estatuto de conservação do priolo, que foi reduzido de “criticamente ameaçada” para “vulnerável”.
É certo que persistem desafios, nomeadamente o reforço da ligação das habitações às redes de saneamento, o aumento da taxa de reciclagem ou a mitigação de riscos naturais. Os dados reunidos no REA 2020-2022 e as ações que continuamente se desenvolvem por ação do Governo de Coligação evidenciam que os Açores estão no rumo certo.
Neste Dia Mundial do Ambiente, podemos afirmar que a Região Autónoma dos Açores se afirma como uma referência em sustentabilidade e compromisso ambiental.
Mais do que celebrar o que já foi alcançado, este é o momento para reforçar o caminho — informado, participado e consciente — para um futuro ambientalmente equilibrado, o nosso futuro.