Um estudante internacional da Universidade dos Açores foi “agredido violentamente” na madrugada de 31 de maio, na Horta, nos Açores, num “ataque súbito e sem provocação”, tendo necessitado de assistência hospitalar, denunciou hoje o Coletivo Anti-Racista do Faial.

Segundo o Coletivo Anti-Racista da Ilha do Faial, o estudante, de “origem africana, foi brutalmente agredido na cidade da Horta, ilha do Faial, pelas 05:20 da manhã”, enquanto “conversava com outras pessoas na rua”, próximo de um bar encerrado.

O alegado agressor, que “continua por identificar”, atingiu a vítima “na cabeça com violência” e esta “caiu inconsciente”, de acordo com o Coletivo, revelando que o estudante sofreu “lesões nos lábios e na face, além de um corte de cerca de 10 centímetros no crânio”.

Num comunicado de imprensa, o Coletivo Anti-Racista do Faial refere que o estudante foi “socorrido por um colega” e transportado ao Hospital da Horta, onde “foi atendido”. Posteriormente, foi “apresentada queixa à polícia”.

Ainda segundo a organização, a vítima encontra-se “em recuperação”, mas está “emocionalmente abalada” e já ponderou “a desistência universitária ou uma mudança de cidade”.

O Coletivo Anti-Racista da Ilha do Faial condena esta agressão, que surge “pouco mais de um ano depois da morte de Ademir Moreno, cidadão cabo-verdiano que morreu após agressão semelhante na mesma cidade”.

Um elemento do Coletivo adiantou à agência Lusa que o julgamento deste caso iniciou-se hoje, na Terceira.

“A família, amigos e comunidade aguardam agora que o sistema de justiça atue de forma exemplar, não apenas punindo o culpado, mas reconhecendo a gravidade de um crime com contornos de motivação racial”, lê-se no comunicado de imprensa.

Ademir Moreno, 49 anos, natural da Praia, trabalhava no ramo da construção civil e foi vítima de uma agressão na via pública, tendo falecido em 19 de março de 2024, no Hospital da Horta.

O Coletivo Anti-Racista da Ilha do Faial refere que a comunidade “está alarmada com estes casos de violência contra a comunidade negra e imigrante”, considerando ser “imperativo” uma investigação “célere e séria” e que haja “visibilidade, análise e posicionamento político sobre o caso”.

“Dois ataques semelhantes num intervalo de um ano não podem ser tratados como coincidência. É hora de agir”, alerta.

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