Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA
PUB

As eleições presidenciais de 1986 foram um momento de viragem determinante na política portuguesa, diria mesmo, irreversível na então jovem democracia. Há quase 40 anos, o fim do mandato presidencial do general Ramalho Eanes pôs um ponto final no envolvimento dos militares na governação do país. Definitivamente terminava a fase revolucionária e consolidava-se o modelo democrático inscrito na Constituição de 1976.

Nada tenho contra as Forças Armadas. É inegável a sua missão na defesa do território e da nossa soberania, e bem assim no auxílio às populações em situações de emergência. Principalmente aqui nos Açores, conhecemos o valor da ajuda decisiva dos três ramos das Forças Armadas em missões de salvamento no Atlântico e de evacuação médica, entre ilhas e para Lisboa.

Coisa diferente é o regresso dos militares ao poder. Admito que a minha convicção tenha por base o conhecimento da história e a circunstância de a maioria das ditaduras serem de pendor militar. Mas à cautela…

PUB

Digo isto em presença da candidatura de Gouveia e Melo à Presidência da República. O percurso errante que o trouxe até aqui, dissimulando o que todos viam, não augura nada de bom. Pior do que isso, o indisfarçável populismo e o nevoeiro de palpites, debitados com recurso ao teleponto, também lhe confirmam os tiques autoritários que já tinha revelado no caso do protesto da guarnição do NRP Mondego.

Sem pestanejar, o almirante ameaça atirar borda fora quem foi legitimamente eleito para governar. O homem promete matar o mosquito com uma bomba. Garantidamente, não será com o meu voto.

PUB