Os Açores encontram-se hoje no meio de uma tempestade perfeita. A saída de uma pandemia que nos obrigou a adaptar-nos a uma nova realidade. O impacto da guerra na Ucrânia que não se restringe à Europa, mas faz-se sentir em todo o mundo. E como se isso não fosse suficiente, estamos a braços com uma crise inflacionista que veio para ficar.
E neste cenário a importância da agricultura sai reforçada.Apesar de todas as dificuldades, os agricultores nunca pararam, mostram todos os dias a sua resiliência, mantendo o abastecimento alimentar imprescindível e indispensável à sobrevivência de qualquer população.
Nos Açores, essa importância manifesta ainda mais premência.O papel do agricultor Açoriano é fundamental, não só pelas suas implicações na coesão socioeconómica, mas também, porque contribui para a fixação de população em zonas rurais, preservando todo um património.
Quando se fala em Agricultura é preciso falar em estratégia a longo prazo, com pilares e eixos a curto prazo, avaliando, ajustando e mudando (se for o caso) sempre que for necessário, ao invés de correr atrás do prejuízo ou de vontades alheias. Paralelamente é necessário assegurar, antes de implementar essa estratégia, que todos e quaisquer intervenientes estejam aptos, capazes e operacionais para desenvolver o processo a bem de toda a cadeia de valor.
Todos nós temos perfeita consciência do valor intrínseco de cada produto produzido nos Açores. A aposta na produção de carne é mais uma prova daquilo que se pode fazer na região, bem feito e com toda essa excelência.
O Governo tem vindo a apostar na reconversão do leite para a carne, adotou mesmo esta medida como forma de controlar outro setor, neste caso o do leite.
É certo que a Região tem um potencial e características próprias para uma produção de carne de excelência, com provas dadas e reconhecimento. É certo que cada agricultor tem o direito de escolher o que lhe convém produzir. O que não é certo é que o rendimento desses produtores não seja o devido, porque as etapas basilares de uma estratégia foram desprezadas por parte de quem governa os Açores.A estes produtores exigiu-se que deixassem a produção de leite, trocando um rendimento por outro, sem que a garantia dessa mudança tivesse a viabilidade económica assegurada.
Isto não é ser sério com os produtores, é colocar em causa a sua sustentabilidade de um setor. Enfim, é mais uma prova da incompetência e impreparação deste governo.
Por exemplo, já a estratégia está implementada e a decorrer, mas ainda se estuda um novo modelo de transportes marítimos, essências para escoar o produto, neste caso a carne.
Outro exemplo da prática do “remediar depois” deste Governo é que retiraram o negócio do leite que já estava instalado na ilha das Flores, apostando no negócio da carne como alternativa, mas desprezando ou desconhecendo que as acessibilidades marítimas eram essenciais, para a viabilidade económica desse setor, em particular nessa ilha.
Ou neste governo os intervenientes não falam uns com os outros ou o Sr. Secretário da Agricultura anda demasiado distraído da realidade Açoriana e esquecido das reais necessidades do setor.
Problema é que com todas essas “distrações” e “esquecimentos” sofre todo um setor, toda uma economia regional. É mesmo caso para dizer que com este Governo os Açores estão a ficar para trás.