As eleições mostraram um país profundamente dividido, marcado por problemas profundos. O nosso presente resulta da imposição de políticas neoliberais, e essa mantém-se como marca comum aos programas eleitorais da direita. As diferenças são de pormenor, sobretudo no discurso, nas estratégias ou no ritmo de imposição de políticas antissociais. Adivinha-se um futuro mais incerto e mais difícil.
Foram muitos os que, iludidos, votaram na direita ou na extrema-direita, perante uma vergonhosa promoção feita por alguns órgãos de comunicação social. Dou apenas um exemplo: em 2022, uma operação de urgência obrigou um líder partidário – Jerónimo de Sousa – a suspender a sua participação na campanha eleitoral desse ano. Na altura, a comunicação social, corretamente, fez apenas a cobertura necessária. Desta vez, a escolha foi bem diferente e o tempo de antena foi muito superior ao que o caso justificava. Foram dezenas de diretos televisivos, mesmo quando não havia qualquer novidade. São os próprios jornalistas a reconhecer que a cobertura informativa terá contribuído para o resultado eleitoral.
Entretanto, a extrema-direita torna ainda mais visível as saudades do antigo regime e o incómodo com a democracia… Estão em causa a Solidariedade e a Humanidade, ameaçadas pela demagogia, pela mentira e pelo ódio.
Hoje, o país não funciona sem a mão de obra imigrante. Quem vem, quer legalizar-se e integrar-se. Quem vem, contribui para a riqueza gerada, mas é transformado em bode expiatório. Todas as famílias têm alguém que emigrou, em busca de melhores condições de vida. Hoje, milhares de jovens ponderam seriamente essa opção. Ninguém é feliz quando só encontra baixos salários, instabilidade, casas a preços incomportáveis e se vê forçado a adiar a constituição de família, por falta de condições. É urgente unir o país em torno de um projeto com futuro, e isso exige a rutura com políticas que deixarão pior os nossos Filhos e Netos, deixarão pior o País e a Região!