A secretária regional da Saúde e da Segurança Social dos Açores revelou hoje que foi detetada uma “fraude” no serviço de deslocação de doentes no Hospital de Ponta Delgada, nos Açores, que lesou a região em 140 mil euros.
“Houve a descoberta de uma fraude, já por este Conselho de Administração, [perpetrada] por parte de um funcionário, que lesou o serviço de deslocação de utentes em 140 mil euros”, disse Mónica Seidi, ouvida hoje na comissão parlamentar de inquérito ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), reunida em Ponta Delgada.
Segundo Mónica Seidi, o caso terá ocorrido no ano de 2023, mas o anterior Conselho de Administração do HDES, então presidido por Manuela Gomes de Menezes (entretanto afastada do cargo), não terá transmitido essa informação à tutela, que, entretanto, encaminhou o caso para a Polícia Judiciária (PJ).
A titular da pasta da Saúde no arquipélago adiantou que a “desorganização” que existia no seio do anterior Conselho de Administração, terá contribuído para que o executivo açoriano de coligação (PSD, CDS-PP e PPM) optasse por afastar a anterior presidente e, também, o vogal António Vasco Viveiros, que tinha sido nomeado em maio apenas para “tratar de questões financeiras”.
“Para minha surpresa, só por duas ocasiões ele tratou comigo de questões financeiras”, recordou a governante, referindo-se ao anterior responsável pelo serviço de manutenção e equipamentos, que elaborou um relatório que dava conta de que o edifício principal do HDES, danificado por um forte incêndio em 04 de maio de 2024, estaria em condições de reabrir as suas portas em agosto do mesmo ano, após algumas intervenções ligeiras.
A secretária regional da Saúde e da Segurança Social entende, porém, que “não era solução” realizar obras no HDES e “atender aos utentes” em simultâneo, acrescentando que, por razões de segurança clínica, o Governo Regional decidiu investir na instalação de um hospital modular e, ao mesmo tempo, preparar uma intervenção de fundo no edifício principal.
“O bem-estar e a segurança dos utentes estão acima da política e dos partidos”, insistiu a governante, que aguarda agora pela elaboração de um programa operacional final, para lançar o concurso para a intervenção de fundo que é necessário realizar no maior hospital dos Açores.