Paulo André, presidente da EDA

O presidente da Empresa de Eletricidade dos Açores (EDA) admitiu hoje que “será possível” chegar a um entendimento com os trabalhadores que reclamam aumentos salariais e apresentaram um pré-aviso de greve a partir do dia 27.

“Pensamos que ainda há margem para chegarmos a um entendimento, mas irá depender também da vontade das estruturas sindicais”, disse hoje à agência Lusa o presidente da EDA, Paulo André, à margem do evento Clean Energy For EU Islands – Fórum 2025, que decorre até quinta-feira em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

A administração da empresa agendou para segunda-feira, 19 de maio, às 10:00, em Ponta Delgada, uma nova reunião com os representantes dos trabalhadores.

Os sindicatos apresentaram um pré-aviso de greve ao trabalho suplementar e deslocações a partir do dia 27 e marcaram uma manifestação para sexta-feira, para a ilha Terceira.

O Sindicato Nacional da Indústria e da Energia (SINDEL) anunciou que, no seguimento do plenário de trabalhadores realizado na segunda-feira, apresentou o pré-aviso de greve ao trabalho suplementar e deslocações, “cujo início será a partir das 00:00 do dia 27 de maio”.

Já o dirigente do Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI), António Sousa, adiantou que “todos os sindicatos representativos dos trabalhadores” marcaram uma manifestação pública, para as 09:00 de sexta-feira, para a ilha Terceira.

Hoje, o presidente da EDA disse à Lusa que no âmbito da negociação salarial já foram realizadas cinco reuniões com todas as estruturas sindicais da empresa, mas a convergência tem sido “muito lenta”, porque o processo foi iniciado “com expectativas bastante afastadas”.

Como exemplo, referiu que a proposta inicial de um dos sindicatos “foi de 10% de aumento salarial e [de] 150 euros mínimo de aumento aos trabalhadores” e a empresa não a pode aceitar, “porque irá comprometer o seu futuro, tendo em conta os custos envolvidos numa proposta desse calibre”.

Assim, Paulo André explicou que “tem tentado haver uma convergência de ambas as partes, mas tem sido uma convergência muito lenta”.

“Temos em todas essas (…) reuniões tentado fazer aproximações. Posso dizer que na última reunião, do lado das estruturas sindicais, houve uma tentativa clara de aproximação também das propostas da empresa (…), e nós temos uma reunião ainda agendada para o dia 19, onde ficaram, tanto as estruturas sindicais de avaliar propostas feitas pela empresa, como a empresa ficou de avaliar algumas propostas feitas pelas estruturas sindicais”, adiantou.

Segundo o responsável, todas as propostas “têm de ser avaliadas em termos de impactos financeiros para a empresa, não só para o presente, como também para o futuro”.

“Nós, na segunda-feira, teremos, às 10:00, nova reunião com os trabalhadores. Pensamos que ainda há margem para chegarmos a um entendimento, mas irá depender também da vontade das estruturas sindicais”, admitiu.

Por parte da administração da EDA, “há sempre boa vontade” para o entendimento com os trabalhadores, mas o seu presidente advertiu que a estabilidade financeira da empresa não pode ser posta em causa.

“Somos uma empresa regulada, os nossos custos têm de ser justificados e aceites pelo regulador, porque são custos que são incorporados a nível da tarifa em termos nacionais. Por isso nós temos de ter alguma cautela na forma como esses custos são aceites na empresa”, acrescentou.

Questionado sobre a reunião de segunda-feira, admitiu que está tudo em aberto, mas bem encaminhado: “Eu quero crer que será possível e temos margem para chegar a um entendimento com essa aproximação que houve por parte das estruturas sindicais”.

São acionistas da elétrica açoriana, que possui cerca de 720 trabalhadores, a Região Autónoma dos Açores (50,1%), a ESA (39,7%) e a EDP (10%), sendo que os pequenos acionistas e os emigrantes têm 0,2% do capital social.

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