A Climáximo voltou à agenda mediática, e novamente pelas piores razões. Desta feita, ativistas daquela organização interromperam um evento de campanha da Iniciativa Liberal, tendo virado atenções de protesto na pessoa de Rui Rocha. Entre gritos e cartazes, o momento levanta uma questão muito séria: será que o ativismo climático, em Portugal, se está a aproximar da irrelevância social? Acredito que sim, não pelas causas, mas pela forma.

O movimento climáximo nasceu como um movimento de cidadãos preocupados com o colapso climático, algo que é, na minha perspetiva, tão legítimo quanto urgente. O problema reside na escolha de métodos. As invasões, as interrupções, os bloqueios, os ataques a personalidades políticas têm gerado cada vez mais repulsa pelo movimento em vez da expectável reflexão que as causas deveriam alocar.

O ataque ao líder da Iniciativa Liberal, mais simbólico do que violento, mas marcadamente hostil, é o exemplo mais recente de um ativismo que deixou de querer convencer e que apenas pretende provocar. É certo que o protesto faz parte da vida democrática, mas quando ativistas se tornam mais conhecidos pelos vídeos que acabam por se tornar virais pelas suas ações, do que propriamente por propostas concretas que realcem uma determinada causa, tornam-se um problema evidente.

As redes sociais também enfatizam esta questão que já é sentida por muitos: a Climáximo tornou-se, para uma parte muito significativa da população portuguesa, sinónimo de radicalismo ineficaz. Não são vistos como alguém que luta pelo planeta mas como aqueles que atrapalham o normal funcionamento das instituições e do dia a dia dos portugueses. E isso, num momento em que a ação climática precisa de compromissos sérios e de consensos amplos, é um erro grave a nível de estratégia de ação ou disseminação ideológica.

Este episódio que colocou Rui Rocha no centro da polémica, independente da simpatia ou ausência dela pelo político ou até pela agenda do partido que representa, serve de alerta. Quando um grupo, seja ele qual for, se diz preocupado e defensor acérrimo do futuro e das novas gerações e depois é tido como um obstáculo à democracia atual, perde toda a sua relevância e força moral ou ética. Sem isso, o ativismo deixa de ser um modo de exercício político não convencional e passa apenas a ser um mecanismo de desestabilização e de ruído de fundo.

Exige-se mais, exige-se maturidade democrática, capacidade de diálogo na procura de soluções para as causas que defendem, ou defendiam. Se este tipo de movimentos quer realmente fazer a diferença, sugiro que repensem o modo de atuação e a forma como ocupam o espaço mediático nacional. Neste momento, a maioria dos portugueses tem uma opinião negativa sobre os ativistas climáticos e assim, certamente não levarão as suas ideias a bom porto. Mudem.

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