O presidente do Governo dos Açores elogiou hoje a resposta dada ao incêndio no Hospital de Ponta Delgada e prometeu transformar a unidade num “hospital novo”, mas rejeitou fazer uma intervenção “em cima do joelho”.
Em declarações à agência Lusa, José Manuel Bolieiro reiterou que o executivo regional (PSD/CDS-PP/PPM) foi “claro e objetivo” ao defender uma intervenção estrutural no Hospital Divino Espírito Santo (HDES) para adaptar a infraestrutura aos “tempos modernos”, em detrimento da construção de um novo hospital.
“Não sendo, embora, um novo hospital, teríamos de ter uma estratégia para reconfigurar um hospital novo em tecnologia, em redimensionamento, em refuncionalização e fazer isso, não em cima do joelho, mas com tempo. Tudo isso está a ser alcançado”, declarou.
O hospital de Ponta Delgada, o maior dos Açores, ficou inoperacional em 04 de maio de 2024, após um incêndio que obrigou à transferência de todos os doentes.
Na sequência do incêndio, o Governo Regional decidiu instalar um hospital modular, orçado em 11 milhões de euros, na zona do heliporto do HDES, para assegurar os cuidados de saúde até à requalificação do único hospital público da maior ilha açoriana.
Bolieiro continuou a defender a construção da estrutura modular ao salientar a importância de assegurar a prestação dos serviços no perímetro do HDES e a sinalizar que os açorianos “não podem ser portugueses de segunda em matéria de saúde”.
“A nossa decisão – que foi, sobretudo, uma decisão motivada, não por opção própria, mas pelo entendimento clínico da situação – foi acertada. Eu disse desde o primeiro instante que não era o dinheiro que iria prevalecer, mas sim a saúde dos açorianos”, afirmou, referindo-se ao modular.
O presidente do Governo dos Açores fez uma avaliação positiva da resposta dada após a calamidade e elogiou a capacidade demonstrada pelo Serviço Regional de Saúde.
“Por as coisas terem, apesar de tudo, corrido bem no que é essencial que é a saúde dos doentes, desde logo ao salvaguardar a vida” dos que tiveram de ser transferidos, “o primeiro registo que quero, mesmo passado um ano, é renovar o meu elogio e agradecimento aos profissionais de saúde”.
Na Assembleia Regional está a decorrer uma comissão de inquérito sobre a recuperação do HDES, após críticas à construção do hospital modular em detrimento de reabertura do serviço de urgência.
Alertando que é “preciso olhar para a floresta e não para a árvore”, José Manuel Bolieiro defendeu a atuação do Governo Regional, mas disse estar sempre disposto a “aprender com o que foi feito”, sejam “erros ou virtudes”.
“[Estou] sempre aberto e suscetível à crítica, à proposta, ao reconhecimento de que uma coisa ou outra não correu tão bem e possa ser depois aperfeiçoada. A minha inteira disponibilidade enquanto presidente do governo para fazê-lo” existe, garantiu.
E concluiu: “Estou muito satisfeito e humildemente reconhecido que uma apreciação de pormenor crítica é boa para manter o que está bem e corrigir o que está mal”.
Na sexta-feira, a secretária regional da Saúde adiantou à Lusa que o Governo dos Açores vai criar uma comissão de análise e de acompanhamento para definir o programa funcional final para a recuperação do HDES.