O PPM/Açores alertou hoje que “nenhum regime resiste ao lamaçal permanente” e considerou um “suicídio nacional” a possível realização de eleições antecipadas, numa declaração política que levou a Assembleia Regional a discutir a situação política do país.
“Tal como aconteceu nos Açores em 2023 e na Madeira em 2024, as oposições políticas estão agora entretidas em provocar e gerir mais uma crise política. Mais uma queda de Governo. Mais umas eleições antecipadas, que deixarão tudo na mesma”, afirmou o deputado do PPM/Açores Paulo Margato, na Assembleia Regional, na Horta.
Numa declaração que motivou uma discussão sobre a crise política nacional, o monárquico defendeu a importância da estabilidade, considerando que “nenhum regime resiste ao lodo e ao lamaçal político permanente”.
“O que está a acontecer é um suicídio nacional. É o regresso à selvajaria do velho Oeste. Do condena primeiro e julga depois. É o regresso triunfante dos grandes inquisidores e sacerdotes da santa inquisição”, afirmou o parlamentar do partido que integra o Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM).
No debate, o secretário das Finanças, Planeamento e Administração do executivo regional apelou para que o próximo Governo da República “continue a ser amigo dos Açores”, ao contrário do que aconteceu com os governos do PS, que “maltratavam” a região.
Duarte Freitas pediu, também, aos deputados dos Açores na República para “colocarem os interesses” do arquipélago “acima dos interesses partidários”.
“O líder do PS nos Açores está do lado da instabilidade”, afirmou o secretário regional, lembrando que o presidente dos socialistas açorianos, Francisco César, é deputado na Assembleia da República.
Da parte do PS, Berto Messias acusou Luís Montenegro de não querer prestar esclarecimentos ao país e asseverou que o partido “não tem medo de ir para eleições”.
“Chegamos ao ridículo da situação de o primeiro-ministro divulgar publicamente que não vai tomar decisões sobre esta ou aquela matéria. Isso demonstra que um primeiro-ministro tem um conflito de interesses”, sublinhou.
O líder parlamentar do PSD/Açores, Bruto da Costa, acusou a oposição de provocar instabilidade “com base em mentiras” e considerou que o atual governo nacional “devolveu justiça aos Açores”, evocando o apoio à reconstrução do hospital de Ponta Delgada ou a diminuição da tarifa do subsídio social de mobilidade.
O presidente do Chega na região fez questão de distinguir a situação política nacional da açoriana, considerando que os “Açores não estão nesse saco de gatos”.
“Nos Açores ainda temos estabilidade. Costumo a dizer aos meus colegas do continente que este parlamento [regional] está uns furos grandes acima do parlamento nacional. Aqui não discutimos pessoas”, defendeu José Pacheco.
Nuno Barata (IL) afirmou que foram as “atitudes do primeiro-ministro” que geraram instabilidade, enquanto Catarina Cabeceiras (CDS-PP) destacou que as “explicações nunca seriam suficientes” devido à atitude da oposição.
O deputado do PAN, Pedro Neves, realçou que a responsabilidade pela crise política é de Luís Montenegro, tal como António Lima (BE), que acusou o primeiro-ministro de “querer eleições porque não encontrou outra saída”.
A Assembleia da República vai discutir hoje uma moção de confiança que, face às posições demonstradas pelos partidos, deverá levar à queda do Governo, tendo o presidente da República já admitido a realização de eleições antecipadas em maio.
O parlamento dos Açores, com sede na Horta, na ilha do Faial, é composto por 57 deputados, 23 dos quais da bancada do PSD, outros 23 do PS, cinco do Chega, dois do CDS-PP, um do IL, um do PAN, um do BE e um do PPM.