Os primeiros ranchos de romeiros, oriundos de várias freguesias de São Miguel, nos Açores, já estão nas estradas, cumprindo uma tradição quaresmal com mais de 500 anos.
Essa tradição repete-se todos os anos, no fim de semana a seguir à Quarta-feira de Cinzas, com dezenas de grupos de romeiros, trajando uma indumentária específica, que inclui xaile, lenço, saco para alimentos, bordão e terço, a percorrerem as estradas da maior ilha açoriana entoando cantos e orando.
Os últimos ranchos de romeiros regressam às suas localidades na Quinta-feira Santa (17 de abril).
O coordenador do Movimento de Romeiros de São Miguel, João Carlos Leite, adiantou à agência Lusa que “os primeiros ranchos de romeiros já sairam das suas localidades”.
João Carlos Leite indicou ainda que “este ano vão percorrer as estradas da ilha 54 ranchos de romeiros, incluindo um de Toronto, do Canadá”, estimando que as romarias integrem “mais de 2.000 homens”.
Cada um destes grupos irá fazer uma romaria de oito dias.
Durante o período em que estão na estrada, os romeiros dormem em casas particulares ou em salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e entrar nas localidades logo a seguir ao pôr-do-sol.
Segundo a página oficial da internet da diocese de Angra, os ranchos de romeiros de São Miguel “vão juntar a sua voz à corrente de oração que percorre neste momento todo o mundo numa oração constante pelo restabelecimento da saúde do Papa Francisco”.
“Essa será uma das primeiras intenções de um conjunto de 12 fixadas pelo bispo de Angra para as romarias quaresmais deste ano, que se iniciam como sempre no primeiro sábado da Quaresma”, refere.
Além das orações pela “saúde e intenções” do papa Francisco, o bispo Armando Esteves Domingues pede também uma oração especial pela paz “em todos os lugares da terra”, especialmente na “Ucrânia e Terra Santa”.
“O prelado diocesano fica unido em oração com estes ranchos que entre as quatro da manhã e as sete da tarde percorrerão todos os caminhos de São Miguel que os levam até aos templos da ilha”, lê-se ainda.
Estas romarias quaresmais, segundo a tradição, tiveram origem na sequência de terramotos e erupções vulcânicas registados no século XVI na ilha, que arrasaram Vila Franca do Campo e causaram grande destruição na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.