O 37.25 – NAP (Núcleo de Artes Performativas), em Ponta Delgada, Açores, vai refletir sobre a natureza e a tecnologia nos próximos dois anos, com uma programação que inclui projetos de criação, ações com públicos vulneráveis e residências artísticas.
“Decidimos dividir os dois anos entre um primeiro ano mais ligado à natureza, aos animais e ao mar e um segundo ano mais ligado às tecnologias”, explicou Catarina Medeiros à agência Lusa, na apresentação da programação do 37.25 – NAP, que decorreu na Azores Ticket Office, em Ponta Delgada.
A programação vai dividir-se em quatro projetos: o “Derivar”, o “Deriva Sessions”, o “Deriva Residências Artísticas” e o “Dia 9 às 9”.
De acordo com Catarina Medeiros, o “Derivar” é um “projeto de continuidade” realizado em parceria com associações locais para fomentar a “aproximação à cultura e à arte” de utentes com deficiência ou problemas de toxicodependência.
“Parte do princípio de que o ‘Derivar’ é um espaço de acolhimento, de erro, de tentativa, de aproximação desses públicos ao panorama cultural. O que tentamos fazer com o ‘Derivar’ é irmos nós às instituições, trabalhar com eles, sem a pressão de uma apresentação pública”, destacou a dançarina.
Já o “Deriva Sessions” é um conjunto de oficinas para as famílias, jovens e adultos, com o intuito de “aproximar o público das propostas artísticas” do núcleo, que vão ser realizadas ao longo de 2025 no espaço do 37.25 em Ponta Delgada.
Estão igualmente previstas ações em várias escolas da ilha de São Miguel para “ativar o contacto com a dança” junto dos alunos.
Já o programa de residências artísticas (coordenado pela plataforma Moot) vai trazer as bailarinas Mariana Amorim e Rafaela Sahyoun à ilha de São Miguel, em abril e junho, respetivamente.
Por sua vez, a iniciativa “Dia 9 às 9” prevê “dinamizar espaços culturais” na ilha de Santa Maria, estando já prevista a performance “Carta de Smith” (a partir do livro “Atlas do Corpo e Imaginação”, de Gonçalo M. Tavares) no Atlântida Cine, a 09 de maio, às 21:00.
Entre os projetos de criação encontra-se o espetáculo “Birds”, que vai imaginar o “choque” entre duas aves “opostas”, o priolo (endémico da costa leste de São Miguel) e o garajau do ártico (tido como a espécie que realiza a mais longa migração).
“Vai haver um choque entre os dois. Entre uma coisinha isolada que pergunta o que é o outro está a fazer no seu mundo, e o outro que vem cheio de novidades e cheio de vida e vivência. Para além de falar da importância dos pássaros, […] fala muito da parte da preservação, aceitação diferença”, avançou André Melo, criador da peça que vai acontecer em junho.
A programação, que surge no âmbito do Programa de Apoio Sustentado (2025/2026) da Direção-Geral das Artes, significa a “concretização de um sonho” ao permitir que os profissionais “façam aquilo que gostam de fazer”, segundo Vanessa Canto, que integra o núcleo.
“Queríamos muito, com essa candidatura, conseguir reter bailarinos cá [nos Açores]. Neste momento, conseguimos reter alguns recursos e trazer algumas pessoas. Os intérpretes que vêm para cá vão ter trabalho durante três meses seguidos. Isso já é, para nós, um objetivo muito grande”, vincou.
O 37.25 – NAP, criado originalmente por nove bailarinos micaelenses, junta intérpretes, coreógrafos e criadores com o intuito de promover as artes performativas.