A multinacional Leolabs inaugurou hoje na ilha de Santa Maria, nos Açores, um radar espacial destinado a rastrear satélites e detritos na órbita baixa e que permite recolher informações sobre uma “área muito estratégica do planeta”.
“O radar espacial dos Açores é o último a ser construído com base em sensores que observam a órbita baixa da Terra e rastreiam os detritos espaciais e satélites. Nós somos a única empresa comercial a realizar isto a nível mundial”, adiantou à agência Lusa o vice-presidente da empresa Alan DeClerck.
O radar espacial está instalado na zona do teleporto de Santa Maria e permite recolher dados sobre o lixo espacial e satélites localizados na órbita mais perto da terra (até 800 a mil quilómetros de altitude).
Alan DeClerck explicou que a Leolabs tem 11 radares em sete zonas diferentes do mundo (como na Costa Rica, Austrália, Argentina e Estados Unidos), sendo o de Santa Maria o primeiro da empresa a ser instalado na Europa.
Na construção de uma “rede mundial de sensores”, a instalação do equipamento nos Açores vai permitir “preencher uma área muito estratégica do planeta”, explicou.
“O radar vai cobrir uma área que nunca foi coberta para rastrear a atividade na órbita baixa. Em termos geográficos, os Açores são uma área bastante estratégica”, disse.
Não querendo revelar o custo do novo radar, Alan DeClerk indicou ser um “investimento totalmente assegurado” pela empresa.
O radar vai rastrear o tráfego aéreo espacial, permitindo apoiar os clientes da empresa, como organismos de Defesa, departamentos governamentais, operadores de satélites ou agências espaciais, esclareceu.
O empresário lembrou que o setor do Espaço “está a mudar na escala e na economia” devido à entrada do setor privado.
“São precisos dados para os novos atores e para as novas infraestruturas da economia do Espaço. Para suportar tudo isso, precisamos de ter informações e rastrear em tempo real”, explicou.
Como “critério de seleção” para a instalação do radar em Santa Maria contribuiu também a “prioridade” de Portugal em “tornar-se um ator no Espaço”, adiantou Alan DeClerck, que destacou o trabalho da Agência Espacial Portuguesa (PT Space).
“O nosso investimento ao implementar um radar espacial é um investimento para várias décadas. Portanto, é para nós importante estarmos num ambiente em que o Espaço é visto como uma prioridade”, concluiu.