O deputado do PSD/Açores na Assembleia da República Francisco Pimentel defende “um acompanhamento próximo” do Governo da República, perante um “eventual regresso significativo” ao arquipélago de emigrantes portugueses nos Estados Unidos da América (EUA), divulgou hoje o partido.

Francisco Pimentel assume numa nota de imprensa a existência “de receios face a um eventual aumento exponencial de deportações para os Açores, também pela dificuldade da região em absorver de per si um regresso significativo” de portugueses emigrados nos EUA.

“A nova administração Trump e a sua política de imigração trazem preocupações acrescidas para uma região como os Açores, por razões óbvias, tendo em conta os emigrantes que nós temos neste momento nos Estados Unidos da América”, afirma.

Numa audição parlamentar com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o parlamentar recebeu garantias de que aquele departamento do Governo da República, “assim como todo o executivo, está a trabalhar em articulação com a região na elaboração de um plano de contingência, tendo em vista uma resposta integrada, plena e bem sucedida para a integração daqueles cidadãos no arquipélago e no restante país”.

“O mais importante é não sermos confrontados com uma situação como a que ocorreu há mais de uma década, em que, subitamente, recebemos centenas de emigrantes nos Estados Unidos, onde temos uma grande comunidade, daí a necessidade efetiva desse acompanhamento”, afirmou Francisco Pimentel.

O parlamentar social-democrata eleito pelo círculo eleitoral dos Açores diz que se trata “de uma matéria sensível, em que é preciso algum cuidado, quer no discurso, quer na prática”, e recorda que “a realidade normal anda na ordem dos três ou quatro repatriamentos por ano”.

“Se essa realidade for multiplicada por dez ou por cem, como aconteceu há uns anos, teremos um problema social grave nos Açores, mesmo se houvesse uma alteração do nosso panorama no quadro de emigrantes, especialmente em terras norte-americanas, com um reforço da regularização da sua situação”, alertou.

Na sua opinião, é preciso acautelar a repetição do que aconteceu no passado, “com repatriados que já nem sequer falavam português a chegarem aos Açores, gerando um problema de adaptação e de inserção”.

“Trata-se de uma matéria transversal a vários ministérios e vários Departamentos do Governo, a par do que já está a fazer o Governo Regional dos Açores, pelo que estamos confiantes nos preparativos para ações concretas, se tivermos que nos confrontar com uma avalanche muito grande de repatriados, que esperamos não venha a acontecer”, rematou.

Em 13 de janeiro, o Governo dos Açores anunciou que estava a preparar um plano de contingência para acolher emigrantes açorianos que venham a ser deportados pela nova administração Trump.

“Não é o cenário previsível, mas estamos a preparar-nos para o pior”, afirmou então o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, admitindo que possam vir a ser deportados centenas de emigrantes oriundos dos Açores, que estarão em situação ilegal nos EUA.

Em entrevista à Lusa, o secretário de Estado das Comunidades Portugueses, José Cesário, afirmou que o Governo não prevê, para já, deportações em massa de portugueses indocumentados nos Estados Unidos, mas garantiu que a situação está a ser monitorizada com “muita atenção e cautela”.

 

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