A Atlânticoline, empresa pública regional de transporte marítimo dos Açores, disse hoje que o concurso para construção de dois navios elétricos ficou “sem propostas admitidas”, mas mantém o compromisso de “permanecer atenta” a oportunidades de financiamento europeu.
“Terminou esta quarta-feira, dia 15 de janeiro, o período de audiência prévia no seguimento do relatório preliminar emitido pelo júri do procedimento do concurso público internacional para a aquisição de dois navios elétricos, lançado pela Atlânticoline no passado dia 18 de novembro, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência”, indica a empresa em comunicado.
Segundo a Atlânticoline, no terceiro concurso lançado para o efeito, “verificou-se um aumento do número de interessados a consultar o caderno de encargos”, mas foram submetidas apenas duas propostas.
“Após a análise do júri às propostas submetidas, verificou-se que estas não cumpriam os requisitos do caderno de encargos, o que levou à sua exclusão”, refere a empresa.
A Atlânticoline lamenta o desfecho do processo, por considerar que “seria uma oportunidade valiosa para expandir a sua frota e melhorar a qualidade e oferta do serviço prestado”.
“Esta teria sido ainda uma oportunidade de antecipar a necessidade que se verificará a médio prazo de substituição dos navios Cruzeiro do Canal e Cruzeiro das Ilhas, ainda que atualmente cumpram todos os requisitos de segurança e ofereçam todas as garantias de adequabilidade à operação, sendo certo que não é possível garantir a atual oferta anual de viagens sem recurso a esses navios”, lê-se na nota.
A empresa pública regional de transporte marítimo dos Açores garante que “mantém o seu compromisso de permanecer atenta às oportunidades de financiamento europeu que possam surgir, empenhada em garantir as condições para cumprir a sua missão de assegurar um serviço de transporte marítimo de pessoas e veículos com fiabilidade e segurança, contribuindo para o desenvolvimento económico e social da região”.
“Fomos informados hoje pela Atlânticoline que o terceiro concurso para os navios elétricos tinha sido votado ao insucesso. Portanto, não foram adjudicados os navios pela terceira vez. Já não podemos esperar mais, porque isso colocaria em risco a execução deste projeto atempadamente”, disse hoje o secretário das Finanças, Planeamento e Administração Pública do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), Duarte Freitas, durante uma conferência de imprensa realizada na Horta, ilha do Faial.
Duarte Freitas anunciou que a reprogramação de 75,6 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nos Açores vai dedicar 22,7 milhões à saúde e 41 milhões ao programa SOLENERGE, deixando de financiar os barcos elétricos.
A Atlânticoline lançou em novembro de 2024 um novo concurso público para a aquisição de dois navios elétricos, depois de o primeiro, lançado em janeiro, ter ficado deserto e de o segundo, lançado em abril, ter sido anulado.
Em 22 de novembro, o consórcio que venceu o concurso lançado para a construção daqueles navios, entretanto anulado, afirmou que o contrato não foi assinado porque a empresa pública não cumpriu com o prometido.
A Atlânticoline transporta anualmente quase meio milhão de passageiros e cerca de 30 mil viaturas, sobretudo entre as denominadas ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), onde opera todo o ano, com recurso a quatro embarcações (dois navios e dois ferries).