Paula Macedo, presidente do conselho de administração do Hospital do Divino Espírito Santo

A presidente do conselho de administração do Hospital do Divino Espírito Santo, nos Açores, defendeu hoje a aposta no hospital modular, por permitir alojar doentes e reabrir serviços após o incêndio na maior estrutura de saúde de Ponta Delgada.

Numa conferência de imprensa, em Ponta Delgada, Paula Macedo sublinhou que o hospital modular “aparece como uma solução urgente”, pois o regresso do serviço de urgência não foi possível devido às consequências diretas do incêndio” no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).

A construção de um hospital modular em Ponta Delgada foi a solução encontrada pelo Governo dos Açores e pelo HDES para fazer face ao incêndio que ocorreu no hospital em 04 de maio de 2024, bem como proceder a obras que irão permitir um “upgrade” das suas instalações e equipamentos.

O incêndio obrigou a deslocalizar-se serviços e doentes do HDES para outras unidades de saúde na região, para a Madeira e para o continente.

Na conferência de imprensa, a presidente do conselho de administração do HDES relembrou que, além dos danos causados pelo incêndio, o “dimensionamento e a organização dos circuitos da urgência [do HDES] já não respondiam às necessidades atuais da população” e eram necessárias obras.

Nesse sentido, explicou que, se a opção tivesse sido reparar o serviço de urgência em vez de se construir o hospital modular, não teriam onde instalar os doentes durante as obras.

“Porque não fazer as reparações e as obras necessárias no serviço de urgência [do HDES] em vez da construção do hospital modular?”, questionou a responsável, para logo de seguida responder com outra questão: “onde alocar os doentes, não só da urgência, mas de todos os serviços que são necessários à proximidade do serviço de urgência?”.

Para Paula Macedo, a resposta àquelas perguntas “nunca foi encontrada”, recordando que o HDES já se encontrava obsoleto antes do incêndio.

A administradora lembrou ainda que, em 2015, integrou um grupo de trabalho para a reconstrução do serviço de urgência e, mais tarde, em 2018, surgiu um novo projeto com o mesmo objetivo, mas “mais abrangente”.

“Ambos os projetos não se concretizaram, por razões de vária ordem”, afirmou.

Na mesma conferência de imprensa, o diretor de enfermagem do HDES, Pedro Brazio, referiu que se “poderia ter investido 30 milhões de euros no edifício-mãe, mas nunca ter sido feito com utentes e profissionais de saúde dentro das instalações”.

O responsável disse que “isso foi o que sucedeu durante 25 anos e impossibilitou, sempre, quaisquer obras estruturais”, contribuindo para a “enorme degradação do edifício”.

“Para se intervir na HDES precisávamos de uma estrutura de apoio. Essa estrutura é o hospital modular”, disse.

A solução pelo hospital modular não tem sido consensual, tendo o líder do PS/Açores criticado, em novembro, o “amadorismo” do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) no processo de reconstrução do HDES.

“O que nos preocupa é que temos uma infraestrutura que está em parte paralisada, em que não foram feitas obras, e temos soluções de recurso que estão neste momento a prestar um serviço à população que não é um serviço que nos agrada e que não é bom”, declarou, na altura, Francisco César.

Na conferência de imprensa de hoje foi anunciado que o hospital modular vai estar operacional até final de janeiro.

No hospital modular vão funcionar “todas as valências necessárias ao funcionamento de um serviço de urgência crítica para adultos, crianças e grávidas”, como o internamento médico e cirúrgico, bloco operatório, bloco de partos, obstetrícia, neonatologia, cuidados intensivos e intermédios e um serviço de imagiologia com TAC, RMN, RX e ecografia.

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