O líder parlamentar do Chega açoriano considerou hoje “vergonhoso que a República continue a ignorar as necessidades das forças de segurança” e chamou a atenção para o aumento do consumo de drogas sintéticas e de pessoas sem-abrigo.

“É vergonhoso que a República continue a ignorar as necessidades das forças de segurança nas nove ilhas dos Açores, negando-lhes recursos humanos e materiais adequados”, disse José Pacheco na declaração política que fez na sessão legislativa de janeiro do parlamento regional, que começou hoje na Horta, na ilha do Faial.

Para o também líder regional do Chega, “é inaceitável que não se cumpra o mínimo necessário para garantir a segurança” da sociedade.

“Nós, representantes do povo açoriano, não podemos aceitar que o Estado, que tanto exige dos cidadãos, falhe nas suas próprias obrigações em matéria de segurança. Esquadras fechadas e agentes sozinhos em ocorrências são exemplos gritantes de falhas inaceitáveis”, afirmou.

Na declaração política sobre “A segurança ou a sua falta nos Açores”, José Pacheco lembrou que o arquipélago é “uma das regiões com menor índice de criminalidade do país”.

“Isso poderia transmitir uma sensação de segurança, tanto a quem aqui vive, quanto a quem nos visita, mas certamente sabemos que não é bem assim”, referiu, salientando que “o aumento do consumo de substâncias químicas, como as chamadas drogas sintéticas”, são motivos de alerta.

Pacheco disse que as autoridades regionais devem estar preocupadas com os fenómenos de criminalidade que resultam desse flagelo social e o seu combate passa pela prevenção primária.

“Outro problema cada vez mais evidente é o aumento dos sem-abrigo e da mendigagem (…). É necessário rever a legislação e implementar medidas que permitam encaminhar essas pessoas para locais apropriados que já existem”, alertou.

José Pacheco também falou da imigração, referindo que “num sábado organiza-se uma manifestação a atacar as polícias” e, no dia seguinte, numa rixa entre imigrantes, “há violência com armas brancas e barras de ferro”.

No debate que se seguiu, Andreia Cardoso (PS) referiu que as dependências “são um problema naturalmente grave” nos Açores e “tem de ser feito um trabalho de prevenção”, enquanto o problema dos sem-abrigo merece “uma abordagem séria”.

A socialista criticou ainda algumas observações feitas pelo parlamentar do Chega relativamente à presença dos imigrantes no território.

Nuno Barata (IL) referiu que o Chega falou da segurança dos cidadãos, dos seus bens e das suas famílias, considerando uma questão “relevante no momento”, não só na República, mas também no arquipélago, principalmente na ilha de São Miguel e na cidade de Ponta Delgada, onde se têm registado “maiores momentos de insegurança” decorrentes da problemática das dependências.

Já António Lima (BE), apontou que o parlamentar do Chega misturou assuntos de ordem distinta, “querendo fazer associar assuntos sociais a um sentimento de insegurança”, e pediu ao executivo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM) que “não embarque nesta linha” e “em respostas repressivas”.

O social-democrata Luís Soares considerou que deve ser dada maior importância ao assunto da segurança: “É preciso analisar o que aconteceu, para que estejamos a baixar na tabela dos países mais seguros no mundo”.

Pedro Pinto (CDS-PP) referiu que Portugal é um dos países mais seguros no mundo e, “não sendo possível ter um polícia atrás de cada cidadão, haverá sempre algum tipo de criminalidade”, não se pode “embarcar em histerismos”, porque isso pode trazer consequências para o turismo.

O secretário regional dos Assuntos Parlamentares, Paulo Estêvão, lembrou que a segurança é da responsabilidade da República e o executivo tem solicitado reforço do contingente das diversas forças policiais.

Destacou ainda a forma exemplar como os imigrantes estão a contribuir para a vida social e económica dos Açores e, quanto ao problema das dependências, é necessário “combatê-lo de uma forma firme e planeada”, o mesmo acontecendo com os sem-abrigo.

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