Gualter Furtado

A Água da Morangueira, famosa pelas suas propriedades terapêuticas, é um pequeno tesouro natural localizado nas Furnas. Esta nascente, além de ser um marco histórico e cultural da região, era procurada por muitos que acreditavam nos seus benefícios para o fígado e os rins. Localizada perto da emblemática Poça da Tia Silvina e ladeada pela ribeira de água amarela que serpenteia pelo Parque Terra Nostra até à Ribeira Quente, era uma das riquezas que nos conectava à natureza e aos mistérios das águas minerais açorianas.

Mas eis que surge um enigma: a Água da Morangueira deixou de correr. A bica, que outrora oferecia o líquido precioso, agora permanece seca. E com isso, nasce a pergunta: por onde andará?

Este é um caso que vai além de um simples desvio ou interrupção do fluxo de água. Representa a desconexão gradual entre a comunidade e os recursos naturais que dão vida ao nosso território. Será que esta situação é resultado de alterações naturais, como movimentos subterrâneos típicos de uma região vulcânica? Ou será que a intervenção humana, consciente ou acidental, desviou o curso desta fonte?

Mais do que um mistério geológico, esta ausência levanta questões sobre a preservação dos recursos naturais nas Furnas. Conhecida pela riqueza hidrotermal, esta área depende da proteção das suas águas para sustentar o turismo, a cultura e a saúde local.

É urgente que este mistério seja investigado. Que medidas podem ser tomadas para restaurar o fluxo da Água da Morangueira? Será possível redescobri-la ou trazê-la de volta à bica que tanto serviu a comunidade? As autoridades e os especialistas ambientais devem unir esforços para resolver este enigma e, mais importante, garantir que outras nascentes da região não sofram o mesmo destino.

Por enquanto, a pergunta permanece: por onde andará a Água da Morangueira? O que é certo é que ela faz falta – tanto para os que acreditam nas suas propriedades terapêuticas, como para aqueles que nela encontram uma ligação com a essência da nossa terra.

 

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