A idade, como é óbvio, faz acumular vivências, desejavelmente traduzidas em experiência. “Já vi esse filme”, dizem os jovens, porque ainda não experienciaram devidamente cada caso. Já vivemos isso, replicam por sua vez os mais velhos, entoando a prudência que bastas vezes faz falta na vida. Atente-se: um diz ter visto, o outro vivido. Que grande diferença. Não se confunda, porém, a repetição com a experiência. Experiência é saber e há quem nunca aprenda, por mais repetições somadas.
Comum ao jovem e ao mais idoso é cada um invocar as virtudes do seu tempo, em ambos os casos reclamando ser o melhor. No meu tempo é que era, invocam uns. Agora, é que sim, refutam os outros. E nesta dialética se faz a história, mudando o discurso com o andar do tempo. Convenhamos, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, há coisas boas e más em todas as eras. Sempre assim foi e será.
Digo então deste modo, uma das diferenças no tempo é o sentido descartável que hoje tudo tem, dos bens às relações, passando pelo conhecimento e até pelas convicções. O conhecimento parece-me óbvio, considerando os progressos científicos e o acesso a novas fontes, impulsionados pelas tecnologias da comunicação. Tudo mais é precário, consome-se rapidamente para logo dar lugar a outro consumo. Falamos de uma nova sensibilidade ambiental, mas até nas coisas mais simples contrariamos o princípio da reutilização e da reciclagem. E assim também procedemos com as relações interpessoais. Vale o imediato e fácil, sem cedência e quase nunca partilhando. Felizmente, vou escapando a esta lógica que impera.