O Governo dos Açores e a Ordem dos Arquitetos celebraram hoje um acordo para encontrar uma “solução conciliadora” para a requalificação das antigas fábricas do açúcar e álcool da SINAGA, localizadas em Ponta Delgada e Lagoa.
Em declarações aos jornalistas, após a assinatura do protocolo, o secretário das Finanças, Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, salientou que os antigos polos industriais são “património muito delicado”, que tem de “ser tratado com todo o cuidado”.
“Desenvolvemos esse protocolo para que sejam os privados e a sociedade civil, através da secção dos Açores da Ordem dos Arquitetos, a promover um debate, naturalmente enquadrado por aquilo que o parlamento regional já refletiu em resoluções e agregando as autarquias locais e outras vozes da sociedade civil”, salientou Duarte Freitas, que falava na sede da secretaria, em Ponta Delgada.
De acordo com o governante, a intenção é que o “fruto do trabalho” seja uma “solução consolidada e conciliadora”.
“Aquilo que for o resultado desta reflexão pública, liderada pela secção dos Açores da Ordem dos Arquitetos, será acolhido pelo Governo Regional. O que pretendemos é sinalizar uma abertura permanente do XIV Governo de dar voz à sociedade civil”, reforçou.
O secretário regional adiantou que o trabalho da Ordem dos Arquitetos vai ser “desenvolvido no espaço de um ano” e culminará com a apresentação de uma “estratégia consolidada” para os espaços.
“A solução é uma tábua rasa. Sabemos o que temos, sabemos que temos um património delicado e que há um conjunto vasto de valências que podem ser implementadas. Sabemos que há interesses vários, desde privados, autárquicos, sociais ou culturais”, destacou.
Duarte Freitas disse ainda que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) está a fazer um “investimento grande em termos políticos” para assegurar uma “gestão eficiente do património público” da região.
“Estamos a falar mais de quatro mil artigos urbanos e mais de mil imóveis, isso é muito significativo. A sua gestão e otimização poderão significar muita poupança para o erário público, mas também a disponibilização para os privados de algum património”, declarou.
Já o presidente da secção dos Açores da Ordem dos Arquitetos, Nuno Costa, revelou que vão ser promovidos dois debates para recolher contributos para a requalificação dos espaços e criadas duas comissões técnicas que vão juntar especialistas e várias entidades.
“Aquilo que pretendemos numa fase inicial é promover dois debates sobre cada um desses imóveis, tendo em vista recolher contributos e ouvir a sociedade no geral para que possamos ter esses contributos e encontrar, de forma democrática e aberta, as soluções que vão dar resposta à requalificação dos espaços”, disse Nuno Costa.
O responsável admitiu que “neste momento existem várias vontades de várias entidades, das câmaras e das juntas, com ideias para os locais”, mas a Ordem irá “partir de uma estaca zero”, porque terá de “ponderar tudo aquilo que já foi feito”.
A Câmara de Ponta Delgada, por exemplo, revelou a intenção de ver construída uma central de camionagem nos terrenos da fábrica da SINAGA, tendo o Governo Regional, em janeiro de 2022, considerado “interessante” a ideia de um museu naquela antiga açucareira que foi alienada em 2010 pelo executivo açoriano.
Em 04 janeiro de 2022, a Câmara Municipal da Lagoa apelou para que o Governo Regional lhe ceda a antiga Fábrica do Álcool, localizada no concelho, propriedade da açucareira SINAGA, extinta pelo governo açoriano.