O Governo dos Açores pretende reativar, em 2025, o internamento em cuidados paliativos no hospital da ilha Terceira e admite reforçar os meios nas ilhas sem hospital, revelou hoje a secretária regional da Saúde.
“A partir do primeiro trimestre de 2025 pretendemos reativar no Hospital de Santo Espírito, na ilha Terceira, as camas de internamento [em cuidados paliativos]. Existem, desde recentemente, médicos com formação especializada em cuidados paliativos e é necessário que exista também uma equipa de enfermagem e outros profissionais de saúde que trabalham nessa área”, afirmou a secretária regional da Saúde e Segurança Social.
Mónica Seidi falava aos jornalistas, em Ponta Delgada, à margem do evento ‘PaliAtivamente’, o I Encontro de Utentes e Profissionais de Saúde de Cuidados Paliativos da Ilha de São Miguel.
Nos Açores existem três hospitais localizados nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial.
São Miguel é a única ilha do arquipélago com uma unidade de cuidados paliativos em contexto hospitalar, que acompanha em média 200 doentes e familiares, enquanto nas ilhas Terceira e Faial existem equipas inter-hospitalares.
Mónica Seidi garantiu que o objetivo do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) é disponibilizar “uma acessibilidade semelhante” nas várias ilhas.
“Não vamos conseguir ter uma unidade de cuidados paliativos, portanto resta-nos uma aposta forte nas equipas comunitárias. Para isso é necessário dar formação aos médicos de medicina geral e familiar que trabalham nas ilhas sem hospital ou até a outros médicos indiferenciados, disponibilizando formação especifica nos cuidados paliativos”, explicou.
A governante assegurou o compromisso do Governo Regional em disponibilizar essa formação, adiantando que “em 2023 foi realizado um curso básico de cuidados paliativos em Santa Maria”.
“Já na próxima semana replicaremos nas Flores e, ao longo de 2025, pretendemos chegar à Graciosa e São Jorge”, acrescentou.
Por outro lado, na Horta, na ilha do Faial, a equipa inter-hospitalar será reforçada “a muito breve prazo” com uma nova contratação na área da oncologia com formação em cuidados paliativos, acrescentou.
A secretária regional da Saúde sublinhou que a unidade de cuidados paliativos do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, embora situada na ilha de São Miguel, “chega a prestar apoio a outras ilhas” da região.
“Realçamos a excelente articulação no caso específico da ilha de São Miguel, que naturalmente gostaríamos de replicar para as outras ilhas, com a existência de uma unidade de cuidados paliativos a nível hospitalar. É um modelo de excelência que até ao momento ainda não conseguimos replicar em todas as ilhas, mas que naturalmente reforçamos aqui o compromisso de avançar, desde que estejam reunidas as condições”, assinalou.
Maria Rosário Vidal, médica responsável pela unidade de cuidados paliativos do hospital de Ponta Delgada, defendeu a necessidade de mais médicos em permanência no serviço, que tem uma capacidade de internamento de 11 camas e está com uma taxa de ocupação que “ronda os 90%”.
Segundo a responsável, a unidade acompanha em média “200 doentes e seus familiares”.
“Somos muito criteriosos na admissão, admitimos os doentes com níveis de sofrimento mais complexo, mais difícil. O objetivo é tornar esse sofrimento um pouco mais tolerável”, sublinhou Maria Rosário Vidal.
Trabalham na unidade de cuidados paliativos do hospital de Ponta Delgada cerca de 40 profissionais, mas nem todos a tempo inteiro.
“Não temos todos os recursos a tempo inteiro, mas estamos muito melhores”, sustentou, indicando que só estão a tempo inteiro “enfermeiros, três médicos e assistentes operacionais”.
Ainda segundo a clínica, após o incêndio em maio no hospital de Ponta Delgada, que foi um acontecimento “muito marcante” e “traumático”, embora o espaço físico do serviço não tenha sido afetado, a unidade vive agora “alguma estabilidade”.