O Governo dos Açores vai apresentar em Bruxelas uma “nova justificação técnica” para garantir a prorrogação que permite viabilizar a casta que dá origem ao denominado vinho de cheiro, disse à Lusa o secretário da Agricultura.

“O que vamos fazer, e está a ser preparada, é uma nova justificação técnica e histórica”, para que a disposição comunitária continue a ser prorrogada, declarou António Ventura, secretário regional da Agricultura e Alimentação.

Segundo António Ventura, “mantém-se as limitações temporárias”, mas há sempre “uma autorização temporária para a produção destas castas diretas, que têm a ver com o vinho de cheiro”.

O secretário Regional admitiu, contudo, que o Governo Regional tem a ambição de deixarem de existir prorrogações e a casta americana Isabelle, que gera o vinho de cheiro, passar a integrar a carta relativa às castas de uvas de vinho autorizadas pela União Europeia.

“Nós não vamos desistir que o vinho de cheiro continue a ser produzido nos Açores e que passe definitivamente a ser uma casta reconhecida no portal do vinho desta Europa unida”, assegurou.

No regulamento da Comissão Europeia que estabeleceu a organização comum dos mercados dos produtos agrícolas impôs-se a proibição das variedades híbridas de vinha como a casta Isabelle, cultivada nos Açores, tendo a região vindo a beneficiar de derrogações.

O vinho de cheiro não está, no entanto, autorizado pela União Europeia a ser comercializado no exterior, sendo apenas consumido na região.

Neste momento, os Açores beneficiam nesta matéria do regulamento comunitário 228/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, que estabelece medidas específicas no domínio da agricultura a favor das regiões ultraperiféricas, vulgarmente designado como POSEI.

A Comissão Europeia, apesar do regulamento comunitário de 1234/2007, permite que “as uvas provenientes de castas colhidas nas regiões dos Açores e da Madeira, podem ser utilizadas na produção de vinho que só poderá circular dentro dessas regiões”.

Os anteriores governos socialistas defendiam a possibilidade de o vinho de cheiro poder ser comercializado para o exterior, designadamente para os Estados Unidos e Canadá, onde existem comunidades de emigrantes expressivas com origem nos Açores.

Nos Açores, com quatro regiões demarcadas, existem 34 produtores de vinho e 62 vinhos certificados (que se traduzem em mais de 150 referências comerciais).

 

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