O líder do PS/Açores, Francisco César, defende, na moção de orientação política global, que o partido deve reorganizar-se e atrair novos quadros, assumindo como objetivo um reforço de câmaras e juntas de freguesia nas próximas eleições.
“O fim de um ciclo, que deu muitas vitórias ao PS e trouxe muitas vantagens aos açorianos, representa, igualmente, desafios a ultrapassar e oportunidades a aproveitar. Em primeiro lugar, o desafio de atualizar o PS, ao nível programático, de construção de soluções políticas concretas para a vida das pessoas, mas também quanto ao modo como se organiza e atrai novos quadros e jovens à participação na ‘res publica’”, lê-se na moção, a que a Lusa teve acesso.
Para Francisco César, que apresenta a moção este fim de semana no 19.º congresso regional do partido, “este novo ciclo representa também a oportunidade de o PS se renovar para, novamente, liderar com capacidade e competências readquiridas um novo ciclo de transformação” dos Açores.
Nas próximas eleições autárquicas, o líder dos socialistas açorianos assumiu como objetivo “reforçar o número de câmaras municipais, assembleias municipais e juntas de freguesia”, comprometendo-se com “um intenso trabalho preparatório, em cada freguesia, em cada concelho”, no decorrer deste ano.
Francisco César, eleito presidente do PS/Açores em junho, considera que o partido, que liderou a região entre 1996 e 2020, deve “retirar ensinamentos sobre o que correu bem, o que não resultou e o que, pura e simplesmente, se esgotou ou se desatualizou com o decorrer do tempo”.
“O nosso passado é a identidade de que não abdicamos, todavia, tal não significa que não devamos fazer evoluir as nossas políticas, discutir novos rumos para a autonomia e, até, em alguns casos, assumir ruturas”, aponta.
O dirigente socialista frisa que o partido vive um “momento de transição”, depois de “um ciclo longo” na governação, mas lembra que, apesar de estar na oposição, o PS tem o mesmo número de deputados do PSD e continua a ser “o único partido político com representação parlamentar nas nove ilhas dos Açores”.
“Sabemos bem que o caminho não será fácil nem está isento de obstáculos. Sabemos bem, ainda, que há um trabalho de reconciliação do PS/Açores com parte da sociedade açoriana que, por alguma razão, se afastou de nós nos últimos anos. Sabemos, ainda, que não podemos mudar para que, na prática, fique tudo na mesma”, vinca.
O presidente do PS/Açores quer um partido “de portas abertas”, que retome “o caminho da proximidade entre dirigentes e militantes e entre estes e as forças vivas e dinâmicas que existem em cada freguesia açoriana”.
Francisco César pretende também implementar o Fórum para um Novo Futuro dos Açores, “que congregue socialistas e não socialistas, empenhados numa reflexão séria, sem dogmas, sobre o presente e sobre o futuro” da região, e a Academia de Políticas Públicas, para dotar os jovens socialistas de conhecimento e de experiência.
Considera ainda fundamental conhecer de perto a realidade do mundo sindical e dos trabalhadores da região, “elegendo no espaço de um ano uma secção regional da tendência sindical do PS e criando secções temáticas junto dos principais empregadores”.
Na moção de orientação política global, Francisco César defende “a procura do consenso político regional” para um “processo de revisão constitucional que seja favorável às regiões insulares”.
“Se não houver consenso político regional nestas matérias, dificilmente haverá consenso numa Assembleia da República investida de poderes de revisão constitucional, tanto mais conhecida que é a sua fragmentação atual”, sublinha.
O PS propõe, entre outras medidas, a revisão da Lei das Finanças Regionais, a revisão do quadro de competências partilhadas, a extinção da figura do Representante da República e a designação de um juiz para o Tribunal Constitucional por cada Região Autónoma, eleito pelos respetivos parlamentos regionais.