Nos últimos anos, Portugal tem sido assolado por uma série de incêndios devastadores que, especialmente durante os meses de verão, transformam vastas áreas florestais e rurais em cinzas. Este flagelo, além de causar perdas humanas e destruição de propriedades, tem efeitos duradouros no meio ambiente e na economia. O governo português, ao longo das últimas décadas, implementou várias estratégias de combate e prevenção, contudo, os desafios permanecem. A combinação de fatores climáticos, geográficos e sociais coloca o país numa posição de vulnerabilidade, exigindo uma resposta articulada e eficiente por parte das autoridades competentes.
Como já referi, o contexto climático e geográfico é determinante para a proliferação de incêndios. O clima, aliado à densa cobertura florestal de todo o território português, proporciona condições ideais para a perpetuação deste flagelo. As florestas portuguesas, por outro lado, são maioritariamente compostas por espécies como o eucalipto e o pinheiro-bravo, árvores que são conhecidas por serem altamente inflamáveis. No que diz respeito às alterações climáticas, convém ter a noção de que também são um meio de agravamento e intensificação dos padrões descritos. Os períodos de seca prolongada, combinados com temperaturas extremas, tornam o solo e a vegetação substancialmente mais secos, favorecendo também o início e, consequente propagação dos incêndios. Há ainda que juntar a tudo isto a desertificação de algumas regiões, que sofrem com a falta de manutenção e o abandono rural.
Após a tragédia de Pedrogão Grande, foram prometidas diversas medidas pelo governo liderado por António Costa, que visassem mitigar as falhas graves no sistema de prevenção e combate a incêndios, expostas naquela altura. Também Costa anunciou a criação de centrais de biomassa, como forma de incentivo à limpeza de terrenos, nas zonas onde o risco de incendio era mais elevado. Contudo, esta medida não saiu do papel.
Todos temos consciência de que a prevenção é, sem dúvida, o elemento-chave para lidar com os incêndios florestais, pelo que cabe ao governo incidir atenções e esforços no sentido de garantir as medidas adequadas de prontidão relativamente a esta questão.
Sabemos bem que os incêndios em Portugal são um desafio complexo, que envolve vários tipos de fatores e condicionantes. Embora os últimos governos tenham feitos alguns progressos na resposta aos incêndios, ainda há muito a fazer, como por exemplo na prevenção e gestão de todo o território. A articulação entre governo, autarquias e sociedade civil é determinante para criar mecanismos de proteção florestal eficazes e duradouros.
Resta-me elogiar a postura dos líderes políticos que parecem finalmente ter aprendido qual o seu papel na liderança de equipas. Parecem ter deixado de lado a politiquice e colocaram mãos à obra. Agora, é preciso manter o rumo, em nome da credibilização da classe política. E mais, os incêndios ocorrem no verão, mas preparam-se ao longo do ano. Tenhamos isto sempre presente.