O Chega/Açores considerou hoje que se assiste a um “verdadeiro caos” no transporte marítimo de mercadorias nas Flores, mas o executivo regional rejeita e lembra o “enorme esforço” financeiro com um navio dedicado ao abastecimento daquela ilha.
“Os florentinos enfrentam um verdadeiro caos no transporte marítimo de mercadorias. Atualmente, a carga destinada à ilha das Flores tem de ser entregue oito dias antes de sair de Lisboa e, quando chega a São Miguel, na maioria das vezes, devido à falta de organização e até de responsabilidade, não se consegue fazer o transbordo para seguir para a nossa ilha a tempo e horas”, disse o deputado José Paulo Sousa.
O parlamentar do Chega, que fez uma declaração política sobre transporte marítimo nos Açores, apontou que “as obrigações de serviço público de transportes não estão a ser respeitadas” e os habitantes das Flores estão “cansados e exasperados com a falta de atenção e de ação” do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM para resolver os “problemas crónicos dos transportes” que afetam as ilhas.
“A ilha das Flores é uma das principais vítimas. A situação é insustentável e exige medidas urgentes e eficazes”, disse.
José Paulo Sousa referiu que os atrasos dos navios “resultam numa perda colossal de produtos perecíveis como verduras, pão de forma, iogurtes e outras mercadorias com data de validade reduzida que chegam às Flores em condições impróprias para consumo”.
“Paletes inteiras de produtos vão para o lixo, causando prejuízos enormes aos nossos empresários que já lidam com uma economia frágil. De quem é a culpa? Será dos empresários que há anos denunciam a situação ou do Governo [Regional], que falha na organização, gestão e supervisão adequada deste processo?”, questionou.
Segundo José Paulo Sousa, são “dezenas de milhares de euros perdidos todos os meses”.
“Os açorianos merecem mais, merecem um Governo [Regional] mais interventivo que faça uma rutura com as políticas desastrosas dos 24 anos de governação do PS”, concluiu.
Na resposta ao deputado do Chega, a secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, disse que assistiu a exagero na situação relatada.
“Nós fizemos o esforço e estamos a fazer um enorme esforço de ter um navio dedicado às Flores, o Margareth. O Margareth custa-nos cerca de dois milhões de euros por ano, para estar absolutamente dedicado às Flores, para além do THOR que também vai às Flores com muita frequência”, disse.
Berta Cabral explicou que o navio Margareth vai à ilha das Flores “sempre que recebe a carga de Lisboa” e, se a carga chegar atrasada, “ele chega atrasado”:“O Margareth está sempre disponível logo que receba a carga de Lisboa para seguir para as Flores e abastecer”.
A governante esclareceu ainda que existe um grupo de trabalho “para acompanhar e reportar” ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes “todas as alterações que ocorrem no transporte marítimo”.
“Eu mantenho uma grande proximidade e frequência de contactos com os empresários das Flores e eles automaticamente me reportam quando há problemas maiores. Esses problemas têm sempre sido resolvidos e não vejo que sejam assim tão graves quanto o senhor deputado aqui trouxe”, afirmou.
Também considerou que estão reunidos todos os meios “para abastecer convenientemente uma ilha que ficou isolada do resto do arquipélago desde o furacão Lorenzo”, em 2019.
Durante o debate, o deputado Nuno Barata (IL) lembrou que na recuperação do porto “está quase tudo por fazer” e os transportes marítimos de mercadorias “têm imponderáveis que nenhum governo consegue resolver”.
António Lima (BE) referiu que o Furacão Lorenzo foi em 2019 e “não passava pela cabeça de ninguém” que a obra principal “ainda não se tivesse iniciado”, sendo essa responsabilidade do executivo regional.
Sobre os transportes marítimos de mercadorias lembrou que este ano, na ilha das Flores, “os atrasos superiores a um dia já atingem 70% das viagens”.
O socialista José Eduardo disse que “nenhuma ilha tem sido mais fustigada por sucessivos atrasos nos transportes marítimos do que a ilha das Flores”, situação que tem causado enormes prejuízos aos empresários.
Por sua vez Cecília Estácio (PSD) disse ao deputado do Chega que a sua intervenção foi “exagerada” e destacou o esforço do Governo Regional para melhorar as condições dos transportes na ilha das Flores.