António Lima admitiu que o processo de reabertura dos serviços “iria sempre demorar algum tempo”, mas considerou que faltam explicações do executivo de coligação liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.
Em julho, o BE questionou o Governo Regional por escrito sobre a reabertura dos serviços que continuam encerrados no HDES, como bloco operatório e cuidados intensivos, mas “faltam as respostas”.
Disse ainda que não há respostas sobre “questões fundamentais” como as cirurgias que estão a ser adiadas.
“A verdade é que (…) há cirurgias prioritárias a serem realizadas, mas há outras que não são prioritárias, que não estão a ser. O problema é que, não sendo na altura que é devida, elas passarão a ser cirurgias urgentes e terão um impacto sério na saúde e na vida das pessoas que estão à espera”, justificou.
Para o líder do BE açoriano, “é fundamental conhecer esses números [das cirurgias] e é fundamental reabrir o máximo possível de serviços [do HDES] o mais rapidamente possível”.
Também referiu que o presidente do Governo Regional estará esta tarde, pelas 17:00 locais, no hospital modular, a assinalar a abertura da urgência, “que foi anunciada como um serviço de urgência pleno e, afinal, é apenas um serviço para situações não urgentes”.
“O presidente do Governo [Regional] devia começar por explicar porque é que disse uma coisa em julho e agora concretiza outra totalmente diferente. Aquilo que a população esperava era um serviço de urgência em pleno funcionamento”, declarou.
Bolieiro admitiu em julho que as urgências do hospital modular deveriam abrir até final de agosto e assegurou que aquele edifício vai garantir uma “transitoriedade de excelência” enquanto decorrem as obras no HDES.
Sobre o estado geral do Serviço Regional de Saúde nos Açores, António Lima disse aos jornalistas que existem “preocupações sérias” com a saída de médicos.
“Do hospital de Ponta Delgada saíram 16 médicos especialistas no ano passado. (…) Do hospital de Angra [do Heroísmo] não houve saída de especialistas, mas é um hospital que tem 46 médicos tarefeiros para 107 médicos especialistas do quadro, que é uma média de cerca de 30%, o que é extremamente grave”, assinalou.
Na sua opinião, o hospital de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, “está cada vez mais dependente de médicos que não são do quadro, [que] não darão a mesma resposta nem a estabilidade ao serviço”.
“Isso é preocupante, para além de ser muito mais caro. O hospital de Angra fez num ano mais de 90 contratos por ajuste direto com médicos tarefeiros. Gastou milhões em médicos tarefeiros que poderiam servir para (…) incentivos à fixação de médicos na região”, defendeu.