A Comissária Europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, defendeu hoje que os fundos da coesão são uma “oportunidade única” para que as regiões possam oferecer emprego qualificado e fixar jovens, apelando a uma “grande exigência” na sua utilização.

“A política de coesão importa. Ela funciona bem, mas para que ela renda o máximo é preciso que os agentes locais saibam, muito claramente, o caminho para onde querem ir e que se trabalhe o detalhe do modo como se utilizam as verbas que são transferidas todos os anos. É uma oportunidade única, estratégica, para que, de facto, as regiões possam oferecer salários altos, empregos qualificados em todos os espaços europeus”, afirmou, em declarações aos jornalistas.

Elisa Ferreira falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem de uma intervenção no 63.º Congresso da European Regional Science Association (ERSA), que decorre até sexta-feira e conta com mais de 700 participantes de 63 países.

A comissária europeia trouxe ao encontro uma “mensagem de grande exigência, grande qualidade na agenda e grande determinação”, defendendo que é preciso criar oportunidades para que “as pessoas possam ficar na terra onde querem e não tenham de emigrar”.

“Uma região que não cresce, que fica estagnada, não abre oportunidades para os jovens e passado uns tempos as pessoas começam a rejeitar todo o sistema e a ficar amargas, a ficar desencantadas e isso tem de ser evitado, mesmo para que a Europa se mantenha o projeto fabuloso que tem sido até agora”, apontou.

Segundo Elisa Ferreira, se há casos na Europa “absolutamente fabulosos”, de países “onde a ambição de crescer, de serem produtivos, de utilizarem e tirarem partido dos recursos humanos qualificados está presente”, também há outros “onde há uma certa habituação a receber dinheiro e esta tal ambição não está tão clara”.

“É preciso reativá-la nestes casos, porque essas regiões e esses países se começarem a ficar para trás mais tarde poderão não ter os meios para estimular o crescimento, como neste momento existem”, alertou.

Questionada sobre o exemplo dos Açores, a comissária disse que não lhe cabia julgar, mas defendeu que a região, como outras em Portugal, “tem feito um trabalho fabuloso”.

“Nós hoje passeamos aqui e encontramos um espaço totalmente qualificado, apoios para a terceira idade, um sistema de educação e um sistema de saúde, que fazem inveja a muitas partes do mundo”, adiantou.

“Neste momento, a mensagem é: agora, vamos pegar nestes jovens, nestas pessoas qualificadas e vamos avançar em termos de criar empresas, criar emprego, pôr as universidades a trabalhar com as empresas, as empresas a aproveitar o conhecimento que existe para aumentarmos o valor acrescentado, aumentarmos o rendimento que se pode tirar daqui e cada ilha é diferente”, acrescentou.

Para Elisa Ferreira, cabe à população, em conjunto com autarquias, Governo Regional e outras instituições, encontrar um projeto de desenvolvimento sustentável para cada ilha.

“A diversidade, que é uma riqueza enorme, também requer uma adaptação da agenda e a capacidade de gerar o que pode acrescentar valor em todos estes sítios”, explicou.

Questionada sobre se a política de coesão pode estar em risco, com o alargamento da União Europeia, a comissária admitiu que sim, mas defendeu que a maneira de evitar esse risco é mostrar o quanto se faz de bom com essa política.

“Em termos de infraestruturas, não só física, mas também humanas, acho que ainda há coisas para fazer, mas que Portugal fez imenso”, sublinhou.

Segundo Elisa Ferreira, há agora novas dimensões, em que “os Açores estão muito bem posicionados”, como as novas energias renováveis, o mar, a investigação associada à vulcanologia, a natureza, a biodiversidade e o turismo sustentável.

“Acho que os Açores têm todas as condições para apostar. Estamos a abrir um período novo, vamos apostar nele”, frisou.

 

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