O líder do JPP/Açores manifestou-se hoje contra a solução do Governo Regional de avançar com uma estrutura modelar no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, na sequência do incêndio de que foi alvo em maio.

Carlos Furtado considera que esta “foi uma péssima opção deste Governo Regional, em vez de, no imediato, proceder à recuperação” da estrutura atingida.

“O edifício apenas sofreu um incêndio, não foi bombardeado. A estrutura física que existe apenas tinha que ser recuperada”, afirmou o ex-líder do Chega/Açores e antigo deputado no parlamento dos Açores, numa conferência de imprensa na periferia do HDES.

Segundo Carlos Furtado, “já se percebeu que não vai existir” a concretização da promessa de, em agosto, arrancar a urgência na estrutura modular – “já se está há mais de 100 dias” sem este serviço na ilha de São Miguel, “no modelo que existia até à data do incêndio”.

O JPP, sem representação parlamentar na região, entende que “houve desmazelo por parte da tutela” e diz ter “relatos de que ainda não estão realizadas as limpezas da estrutura que foi alvo do incêndio”.

O atual modelo em vigor “não é bom quer para os pacientes ou para os profissionais de saúde”, disse o dirigente, condenando “a pressa em adquirir uma estrutura modular que vai custar 17 milhões de euros, o que representa um custo por metro quadro superior a 3.400 euros”, quando o hospital privado da CUF, no concelho da Lagoa, com cerca de três anos, “teve um custo por metro quadrado de 3.300 euros”.

Os 17 milhões de euros, sublinhou Carlos Furtado, “dariam para resolver inúmeros problemas de saúde não só em São Miguel, mas em todo o arquipélago”.

“Se o JPP tivesse representação na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, seguramente promoveria uma comissão parlamentar de inquérito a todo esse processo do pós-incêndio no HDES”, afirmou, considerando, por outro lado, que “não se pode falar de uma estrutura obsoleta num hospital que tem menos de 30 anos de uso”, quando há no país e na Europa “hospitais com 70 ou 80 anos ao serviço das populações, obviamente com algumas obras e adaptações”.

Em 17 de julho, o Governo Regional indicou que o hospital modular que está a ser construído estaria operacional em agosto, sendo uma estrutura que permite melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde e servir de retaguarda.

O serviço de urgência será a primeira valência a abrir, informou, na altura, o executivo.

A estrutura está a ser instalada no perímetro do Hospital do Divino Espírito Santo, a maior unidade de saúde dos Açores, afetada por um incêndio em 04 de maio, com prejuízos estimados em 24 milhões de euros.

O incêndio obrigou à transferência de todos os doentes que estavam internados para vários locais dos Açores, da Madeira e do continente. A reabertura dos serviços tem sido feita de forma progressiva.

 

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